Comandante distrital de Proteção Civil entende que a boa ligação entre todas as entidades que integram os serviços minimiza os riscos. Depressão Bárbara serviu para afinar o dispositivo. Região contou com mais de 800 operações.
Os serviços de proteção civil do distrito de Setúbal estão aptos a darem resposta positiva em caso de emergência. Esta é a convicção das chefias que, no entanto, alertam para o facto de o território ser vasto e, sobretudo, possuir áreas muito diferenciadas e de complexidade, como sejam as zonas ribeirinhas do Tejo ou a vila da Costa da Caparica, edificada abaixo do nível do mar.
O comandante distrital dos serviços de Proteção Civil, Elísio Gouveia, diz que as zonas “teoricamente mais vulneráveis” são as ribeirinhas, as bacias hidrográficas, nomeadamente as das localidades junto ao rio Tejo, mas também uma área de Alcácer do Sal, nas margens do Sado. “São locais que podem ser mais problemáticos, sobretudo se à chuva intensa se juntar a preia-mar, são suscetíveis de serem inundados”, referiu ao Semmais.
Depois, na orla costeira, a Costa da Caparica surge como outra das zonas onde é sempre necessário estar atento. “Os sistemas de alerta são ativados de acordo com as previsões meteorológicas. É nessa ocasião que mobilizam todos os serviços de segurança e socorro e que se procura afinar a colaboração entre todos. A época das marés vivas costuma ser a mais complicada, mas nessa ocasião há que contar com um vasto conjunto de contributos, onde se incluem, também, os da Agência Portuguesa do Ambiente e da Autoridade Marítima”, adiantou o mesmo responsável.
Eficácia do socorro implica coordenação multidisciplinar
Elísio Gouveia, considera que tão importante quanto ter meios humanos e materiais que possam ser utilizados em caso de emergência, é conseguir ter uma coordenação eficaz entre as inúmeras entidades que constituem os serviços. “Não são apenas os bombeiros ou as forças de segurança e as equipas de saúde. Existe um conjunto de serviços e pessoas que, não sendo visíveis em muitas ocasiões, são fundamentais para que a prestação de socorro seja efetiva e eficiente”, disse.
O comandante distrital deu depois um exemplo recente da colaboração que entende ser necessária. “Com a depressão Bárbara houve cerca de 300 pessoas que, a determinado momento, ficaram sem fornecimento de energia elétrica. Foi uma situação que não demorou muito tempo a ser reparada, mas que só foi possível porque, neste caso, existiu uma boa articulação com os serviços da EDP. Noutros casos a colaboração é extensiva a um imenso naipe de serviços ou empresas, seja para questões de reposição de bens, para limpeza e higiene das redes viárias, etc”, avançou.
A depressão Bárbara é, de resto, um bom exemplo sobre a imprevisibilidade subjacente à intervenção dos serviços de proteção civil. Elísio Gouveia afirma que, por norma, fenómenos atmosféricos mais fortes, costumam fazer-se sentir-se com maior intensidade na parte Norte do distrito. Desta vez tal não aconteceu, tendo o mau tempo incidido, sobretudo entre Setúbal e Alcácer do Sal. “Registaram-se, talvez, mais de 800 operações e, apesar de haver estradas inundadas, árvores caídas e danos em viaturas, a colaboração entre todas as entidades permitiu que o socorro fosse prestado de modo rápido e eficiente”, concluiu.