Dois meses, pelo menos, à prova

Marcado para 27, 28 e 29 de Novembro próximos, em Loures, no Pavilhão da Paz e Amizade, o XXI Congresso do Partido Comunista Português avança nestes dias na consideração das Teses – Projecto de Resolução Política, aprovadas na reunião do Comité Central de 19 e 20 de Setembro, de caracter público uma vez que foram publicadas no Avante! de 24 a seguir e desde então disponíveis nos meios tradicionais (já se pode falar assim) on-line (e assim se escreve).

Sob o lema “Organizar Lutar Avançar, Democracia e Socialismo”, compõem-se em 72 páginas, subdivididas em quatro Capítulos (Situação Internacional, Situação Nacional, A luta de massas e a alternativa patriótica e de esquerda, O Partido), mas esmiuçadas em 35 itens, têm como objectivo fundamental a recolha de contributos dos milhares de militantes cada um por si e sempre cada um por sim em Assembleias-Plenárias das organizações  disseminadas no país, cuja plenitude se pode ver na Agenda do órgão central do PCP, o Avante!, (sem a pretensão de que nada escapa…). Mais: uma Tribuna acolhe já considerações de membros do Partido. Eis o Centralismo Democrático, princípio estatutário indefectível do Partido Centenário (2021 está à porta, bem se podem apressar os inimigos de classe).

À força de serem consubstancialmente públicas, não pode deixar de existir a assumpção de as fazer chegar, as Teses, a democratas não filiados no PCP, não poucos aliás compradores do tal Avante!, e desde logo assumidos em pé de igualdade no que toca ao folhear em liberdade dos assim chamados itens.

Vem isto a propósito de um deles, advogado de Setúbal, não ter deixado de perder a oportunidade de querer contribuir com uma proposta nem tanto de alteração, mas de aditamento às Teses, na consideração do item “Justiça”. Foi encaminhada para a Comissão de Redação, a serem aprovadas em reunião do CC já a poucos dias do Congresso, claro.

Terá isto tudo sido no XVIII? XIX? Ou antes, XVI? O camarada congressual como delegado a primeira coisa que o motivou foi ver se a proposta do amigo tinha sido contemplada, tão agradável (termo soft) seria. Ficou um pouquinho decepcionado. Mas o tal propositor estava na bancada dos convidados, e de um delegado “sacou” o Projecto distribuído em reunião magna. Quando o congressual se lhe dirigiu, lastimando: “Companheiro, não foi tida em conta a tua opinião, tenho pena…”, o amigo quase que lhe deu pancada: “Mas que falta de cuidado é a tua? Saltou de item, está na página anterior (ou na seguinte), e assim está muito melhor!”

Vejam-se as datas, sempre foi assim: dois meses de trabalho, pelo menos. Item a item…

Política e Cultura
Valdemar Santos
Militante do PCP