PJ ainda não encontrou provas de irregularidades no processo do novo aeroporto no Montijo

Ambientalistas e câmara do Montijo desconhecem se os investigadores já apuraram, ou não, ilegalidades. A comprovar-se algum crime, o projeto pode atrasar vários anos.

A mudança radical do parecer do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) relativamente ao impacto ambiental provocado pela construção do aeroporto complementar a Lisboa no Montijo esteve na origem das buscas da Polícia Judiciária ordenadas pelo Ministério Público (MP). De acordo com o que o Semmais apurou, os peritos ainda não terão encontrado qualquer evidência que prove alguma irregularidade e, portanto, será prematuro afirmar que os pareceres favoráveis à obra já emitidos sejam anulados.

As buscas da judiciária incidiram sobre os serviços do ICNF e também da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), entidade esta que confirmou a presença dos inspetores nas suas instalações no dia 22 de outubro. “A APA – Agência Portuguesa do Ambiente recebeu no dia 22 de outubro, na sua sede, uma diligência processual pela Polícia Judiciaria, por mandado do Departamento de Investigação e Ação Penal Regional de Lisboa. Esta agência, naturalmente, prestou, solícita e dedicada, cooperação a esta ação”, respondeu ao nosso jornal. Em relação ao ICNF, apesar das tentativas, não foi possível obter qualquer esclarecimento.

O Semmais contactou também as associações ambientalistas Quercus e Zero. O dirigente regional da primeira, Paulo do Carmo, voltou a dizer que é favorável à construção do aeroporto no local onde atualmente existe a Base Aérea número 6, no Montijo, mas confessou não possuir qualquer indicação sobre o andamento das averiguações. “O que me parece é que, se se confirmar alguma irregularidade relativamente à declaração de impacto ambiental, todo o processo voltará ao início e, nem na próxima década teremos o novo aeroporto, tanto mais que estão a acontecer muitos despedimentos na empresa, facto que também serve para atrasar o empreendimento”, disse aquele responsável, não escondendo que é “favorável à construção do aeroporto no Montijo”.

Para o presidente da Associação Zero, Francisco Ferreira, são igualmente desconhecidos os motivos que levaram os polícias à APA e ICNF. “Desconheço totalmente. Não faço a mínima ideia do que poderá estar por trás dessas investigações”, afirmou o dirigente de uma das associações que, desde o início do processo, sempre se tem manifestado contra o local anunciado da obra.

Por fim, o Semmais contactou ainda o presidente da câmara do Montijo, Nuno Canta que, à semelhança dos ambientalistas, também não conhece os motivos da investigação ou a existência de uma eventual denúncia de suspeita de irregularidades no processo. “Como sempre tenho defendido, o aeroporto no Montijo é uma garantia de desenvolvimento para o concelho e arredores. Naturalmente que sou favorável à obra”, reiterou.