Pavilhão do Fabril pode fechar já no final de novembro

Direção do clube diz que a câmara do Barreiro tarda em ajudar financeiramente, ao contrário do que faz com outros. Covid-19 suspende futebol por duas semanas.

O pavilhão do Grupo Desportivo Fabril (GDF), no Barreiro, pode encerrar as portas no final deste mês. O alerta foi feito ao Semmais pelo presidente da coletividade. A falta de verbas para fazer face aos custos mensais e aos trabalhos de manutenção estão na origem da decisão.

“Possivelmente no final deste mês vamos fechar as portas do pavilhão, que é o que tem a maior área coberta de todo o país, e cerca de um milhar de miúdos que ali praticam uma dezena de modalidades nos mais diversos escalões vão ter de suspender a prática desportiva”, diz Faustino Mestre, lembrando que o clube gasta mensalmente, só em água e eletricidade, entre 2.500 e 3.000 euros.

O presidente do Fabril (antiga CUF) afirma que “o clube é fortemente penalizado pela autarquia”, com a qual não existe nenhum contrato/programa que permita subsidiar qualquer modalidade ou contribuir para a preservação do património. “Apesar de agora dar a entender pretender dar um pouco mais de atenção, a câmara do Barreiro continua a ter uma posição de distanciamento em relação Fabril. Um exemplo? Cedem o pavilhão municipal, com o qual gastam 300 mil euros por ano, a três outros clubes do concelho, aos quais também dão outros subsídios. Nós, porque temos instalações próprias, acabamos por ser penalizados, porque nada recebemos e temos de pagar toda a manutenção do espaço. Ainda recentemente substituímos o piso do pavilhão, que já tem 50 anos. Gastámos 37 mil euros e ainda aguardamos a ajuda que a câmara disse que dava”.

As queixas de Faustino Mestre estendem-se ainda à autarquia da Moita, concelho de onde são provenientes “40 por cento dos jovens que praticam desporto no Fabril”. “Também dizem que estão disponíveis para ajudar, mas depois quando chega a hora, fazem-se despercebidos”.

“O serviço que prestamos sobrepõem-se, muitas vezes, ao serviço que deveria ser prestado pela Estado e pelas autarquias. Seria, pois, justo que, à semelhança de outros clubes, também pudéssemos receber apoios”, desabafa o dirigente.

Apesar das tentativas, o Semmais não conseguiu recolher a opinião do presidente da câmara do Barreiro, Frederico Rosa.

 

Maior património desportivo do distrito e do Sul do país

O GDF tem, segundo o seu presidente, o maior património desportivo do distrito de Setúbal e do Sul do país. Conta com cerca de um milhar de praticantes distribuídos por dez modalidades e apenas cinco funcionários.

“Vivemos, praticamente, com as receitas obtidas através do futebol (a equipa disputa atualmente o Campeonato de Portugal, depois de ter passado 22 anos na I Divisão e de, nos anos que se seguiram ao 25 de Abril, ter andado pelas divisões secundárias) e das quotas dos cerca de 4.000 sócios”, diz Faustino Mestre, fazendo questão de salientar que, apesar de todas as dificuldades, “não devemos um tostão a ninguém, seja a fornecedores, atletas ou ao Estado”.

O dinheiro dos sócios e os contratos publicitários ajudam a manter ativo o Estádio Alfredo da Silva, com capacidade para 22 mil pessoas sentadas, cinco campos sintéticos, courts de ténis, o pavilhão e ainda o Estádio João Pedro, que tem uma bancada para um milhar de espetadores.

 

Caixa

Pandemia suspende futebol

A equipa de futebol do Fabril vai ficar duas semanas sem competir. De acordo com Faustino Mestre, a delegada de Saúde do Barreiro já autorizou a paragem, depois de ter confirmado que há, neste momento, 11 jogadores com o vírus ativo. “Já havíamos pedido, embora sem resultado, o adiamento do jogo com o FC Porto, para a Taça de Portugal. Nessa altura tínhamos cinco jogadores infetados”, disse o presidente do clube. Ainda de acordo com o mesmo responsável, o Fabril pondera também cortar relações com o Sporting Clube de Portugal, que deveria ser o adversário desta semana no jogo de futebol a contar para o Campeonato de Portugal. “Quando lhes pedimos para adiar o jogo disseram que não, que não lhes dava jeito. Esqueceram-se que eles andaram recentemente a adiara jogos de futebol e de outras modalidades por terem, como nós temos agora, jogadores com covid”.