Estudo revela que qualidade do ar do Seixal ainda deixa a desejar

O ar do Seixal é igual ao dos restantes concelhos da AML: fraco e com alguma densidade de partículas que se acumulam nos pulmões e entram na corrente sanguínea. A câmara, que encomendou um estudo, promete a adoção de medidas mitigadoras.

A qualidade do ar no concelho do Seixal é igual à dos restantes concelhos da Área metropolitana de Lisboa (AML) que, por sua vez, em conjunto com a que foi detetada em zonas do Porto e Aveiro, são as piores do país.

A conclusão foi divulgada pela autarquia seixalense, depois de efetuado um estudo pelo Departamento de Ambiente da Universidade de Aveiro. No concelho, conforme revelaram as peritagens, existem vários locais onde há grandes concentrações de partículas que se alojam nos alvéolos e, mais grave, outras que chegam mesmo a penetrar no sistema sanguíneo.

Na apresentação do estudo, realizada no último sábado, o presidente do município, Joaquim Santos, deixou a promessa de que a câmara, na senda do que já vem fazendo há vários anos, está empenhada em diminuir os valores da poluição do ar. Para isso, disse, está previsto, até final de 2021, o aumento da frota de transportes públicos em 65 por cento, reduzindo-se assim as emissões provocadas por veículos particulares.

O autarca adiantou também que será feita “maior fiscalização sobre as empresas” e que “serão adquiridos mais instrumentos para medição da qualidade do ar”. Outra das medidas anunciadas prende-se com o aumento do número de postos para carregamento de viaturas elétricas.

Joaquim Tavares, vereador responsável pelo Ambiente, afirmou, por sua vez, que a intenção do município passa ainda por aumentar o número de espaços verdes e proceder à plantação de mais árvores.

“O setor industrial é a fonte mais importante de emissões atmosféricas, registando-se ainda valores de emissão significativos nas principais vias terrestres do município, nomeadamente, na A2, A33 e EN10”, disse ao Semmais Joaquim Tavares, acrescentando que “a Câmara Municipal do Seixal continuará a exigir a instalação de mais estações de monitorização da qualidade do ar no nosso território, a defender o transporte público em detrimento do transporte automóvel individual, e a reclamar uma efetiva e ainda maior fiscalização e monitorização das atividades industriais”.

 

Maiores fontes de poluição são a A2, EN10 e zonas industriais

Os técnicos da Universidade de Aveiro, que estiveram no concelho com diversos equipamentos de medição, identificaram também como principal fonte emissora de partículas perigosas o troço da A2 e a Estrada Nacional 10 e, naturalmente, algumas zonas de maior densidade industrial.

Sobre as partículas suscetíveis de entrarem na corrente sanguínea, o responsável Carlos Borrego disse que a situação geral do concelho varia entre os níveis “fraco e muito mau”, sendo que a situação se agrava durante os meses mais quentes. Já em relação às emissões de CO2 e, portanto, junto às maiores unidades industriais, os aferidores apontam para classificações entre o “mau” e o “muito mau”.

O mesmo responsável ressalvou, no entanto que, entre 2012 e 2017, o estado geral da qualidade do ar no Seixal registou melhorias, conforme o demonstraram as medições efetuadas nos postos do Lavradio, Escadeira, Fidalguinhas, Laranjeiro e Paio Pires, sendo neste último que se verificam alguns dos valores poluentes mais elevados.

Carlos Borrego entende que deverá ser feita uma diferente gestão do tráfego automóvel no concelho para que os valores da poluição atmosférica melhorem. A diminuição da velocidade em acessos e zonas residenciais, a restrição de circulação de veículos pesados em determinados locais, a renovação da frota de transportes públicos, o aumento do varrimento e lavagem das ruas com mais tráfego, a criação de mais e melhores áreas verdes e, por fim, o incremento de ações de sensibilização junto da população, como por exemplo o recurso à condução económica ou a adoção de meios de transporte menos poluentes, foram algumas das medidas preconizadas.