Fotografias de João Francisco Vilhena sobre um dos protagonistas mais importantes do movimento surrealista português, estão patentes até janeiro numa exposição repartida entre a Casa da Cultura e a Casa d’Avenida.
Dez películas distribuídas pelas paredes das galerias de exposições dos dois equipamentos culturais integram “Teatro das Imagens – Cruzeiro Seixas, a poética do engano”, inaugurada no dia 3 coincidindo com a data em que o poeta e artista completaria o 100.º aniversário.
Na mostra dupla dedicada ao artista falecido a 8 de novembro de 2020, a um mês de completar cem anos de vida, o público pode apreciar mais de uma dezena de registos a preto e branco de Cruzeiro Seixas, captados pela lente do fotógrafo João Francisco Vilhena.
As imagens, reunidas na exposição organizada pela autarquia sadina, são fruto de um desafio lançado em 2018 pelo próprio João Francisco Vilhena a Cruzeiro Seixas no dia em que este completou 98 anos.
“Nunca imaginei vir a cruzar-me com Cruzeiro Seixas e a realizar um ensaio fotográfico onde ele é figura principal. Conheci-o no Centro Português de Serigrafia, adorei a sua amabilidade e simplicidade. Senti a urgência de preservar o encontro com o artista e poeta que entrou de rompante na minha vida”, refere João Francisco Vilhena.
Da série fotográfica fazem parte diversas fotografias em que Cruzeiro Seixas está “sozinho, num palco, aguardando alguém” e à sua volta estão figuras mascaradas.
“Teatro das Imagens – Cruzeiro Seixas, a poética do engano” pode ser visitada na Casa da Cultura até 3 de janeiro, de terça a sexta-feira das 10h00 às 22h30 e ao sábado e domingo das 10h00 às 13h00 ou na Casa d’Avenida até 31 de janeiro de segunda a sexta das 10h00 às 20h00 e ao fim de semana entre as 10h00 e as 13h00. A entrada é livre.
Com o objetivo de assinalar o centenário do nascimento de Cruzeiro Seixas o Teatro Estúdio Fontenova apresenta, numa parceria com a Câmara Municipal de Setúbal, dia 20 de dezembro, às 16h00, na Sala José Afonso da Casa da Cultura, uma produção teatral inspirada na obra do artista.
As reservas para assistir à peça, com entradas a quatro euros, devem ser feitas pelo telefone 265 236 168 ou pelo endereço de correio eletrónico casacultura@mun-setubal.pt.
Nascido a 3 de dezembro de 1920, Artur Manuel Rodrigues do Cruzeiro Seixas era o último dos surrealistas portugueses, o movimento liderado por Mário Cesariny no final dos anos 1940.
Autor de um vasto trabalho no campo do desenho e pintura, mas também na poesia e escultura, Cruzeiro Seixas gostava de se intitular “homem que pinta” porque a designação de pintor aborrecia-o.
Juntamente com nomes como Mário Cesariny, Carlos Calvet e António Maria Lisboa foi um dos mais relevantes e importantes artistas do surrealismo em Portugal.
A sua obra está representada em coleções como as do Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado, Fundação Calouste Gulbenkian e Fundação Cupertino de Miranda.