Almada, que este ano vai ter um GAV, e Setúbal são os municípios com maior número de casos identificados. Só nos concelhos de Grândola e Alcácer do Sal não foi comunicada qualquer ocorrência.
A Associação de Apoio à Vítima (APAV) auxiliou em todo o distrito de Setúbal, em 2019, (ano a que se reporta o último relatório) 685 pessoas alvo de diversos atos de violência e criminalidade e que recorreram aos préstimos dos seus técnicos.
Na prática quase duas pessoas por dia recorreram à APAV em 2019, em 12 dos 13 concelhos do distrito, número que foi considerado suficiente para promover a instalação de um Gabinete de Apoio à Vítima (GAV) no concelho de Almada, onde foram sinalizadas 156 situações de pessoas vítimas de maus tratos físicos, psicológicos ou patrimoniais.
Almada é, a par de Setúbal, o concelho do distrito com maior número de vítimas sinalizadas (156 cada), seguindo-se o Seixal, com 93, Barreiro, com 79, Palmela, com 55, Moita, com 46, Montijo, com 38, Sesimbra, com 35, Alcochete, com 12, Santiago do Cacém, com oito, e Sines, com sete casos.
As situações referenciadas pela APAV no distrito de Setúbal são, conforme disse ao Semmais um técnico que pediu para não ser identificado, idênticos aos do resto do país: “Não existem classes sociais mais dominantes, tal como não existem grupos que se destaquem devido às suas qualificações académicas. No distrito de Setúbal, tal como acontece de resto em todos os restantes distritos, a maior parte das vítimas – na ordem dos 80 por cento – são mulheres, sendo que a maior parte são alvo de agressões dos maridos e ou dos companheiros”.
Maioria das vítimas de agressão tem entre 25 e 45 anos de idade
O relatório da APAV refere também que mais de 60 por cento dos autores de crimes de violência doméstica são homens, sendo que a maior parte das vítimas (37 por cento) têm entre 25 e 45 anos.
Em 2019 a APAV atendeu nos seus centros e gabinetes de apoio 11.676 pessoas vítimas de violência, o que representou um acréscimo de 25 por cento face ao ano anterior. O número de crimes identificados quase chegou aos 30 mil, o que representa igualmente um acréscimo de 40 pontos percentuais.
Em comunicado de imprensa, a câmara de Almada afirma que as autoridades policiais registaram, à data do último relatório, 6814 crimes no concelho (património, pessoas e vida em sociedade), sendo que muitos deles se incluem no campo da violência doméstica, o que justifica a criação do Gabinete de Apoio à Vítima.
Esta estrutura terá um apoio municipal de 53 mil euros, ficando a funcionar na Avenida Don Nuno Álvares Pereira.