A morgue já não comporta mais corpos. O recurso aos contentores frigoríficos tem sido assumido em vários outros hospitais do país.
Dois contentores frigoríficos de apoio à morgue encontram-se desde ontem junto ao Hospital do Barreiro. A causa tem a ver com o excesso de vítimas mortais e a falta de local para guardar os corpos, pelo que se optou por recorrer a este equipamento. Segundo fontes hospitalares, esta não foi a primeira vez que tal aconteceu neste hospital.
“Temos de ter em atenção que não estamos em presença de uma mortalidade, mas sim de uma mortandade”, disse ao Semmais uma fonte dos Hospital do Barreiro, sem, contudo, conseguir precisar qual a capacidade da morgue ou o número de vítimas mortais em consequência da pandemia de covid-19.
“A situação é grave e o recurso aos contentores frigoríficos faz-se em Portugal como se fez noutros países. Pode chocar ver um contentor frigorífico para colocar cadáveres, mas acaba por ser a solução certa e até normal, tendo em conta que a morgue do Barreiro tem poucos lugares para os corpos”, adiantou outra fonte ligada ao corpo clínico do mesmo hospital.
Esta situação vivida no Barreiro não é, de resto inédita naquele hospital, uma vez que pelo menos uma vez, em março, também foi necessário recorrer ao serviço de um contentor frigorífico.
Em declarações ao Semmais, o vereador da Câmara Municipal, Rui Braga, disse não possuir elementos suficientes sobre a capacidade do hospital da cidade. Recordou, no entanto, que a edilidade tem colaborado em tudo o que lhe é pedido para salvaguardar a saúde pública e, ao mesmo tempo, lembrou que o concelho, comparativamente com a maior parte dos que integram a Área Metropolitana de Lisboa, é dos que apresenta uma situação menos grave fazendo a proporção entre o número de habitantes e o de doentes.
Apesar das diversas tentativas, não foi possível obter qualquer depoimento dos responsáveis clínicos ou da administração do hospital.