O setor imobiliário continua a dar sinais de resiliência à crise pandémica, tendo-se registado uma subida nos preços das casas desde março. No distrito de Setúbal o aumento superou os 10 por cento.
Em dezembro, o preço de venda de casas no país ficou 1,8% acima dos valores pré-covid de fevereiro, de acordo com os dados do Índice de Preços Residenciais (IPR) da Confidencial Imobiliário revelados esta semana. A análise diz ainda que, em 2020, o valor das habitações aumentou 4,8%, ainda que o ritmo de crescimento tenha abrandado. Só na região de Setúbal, a subida chegou a atingir os 10%, classificando-se assim como o sétimo distrito com maior aumento.
Em conversa com o Semmais, Rui Chaves, gerente na Era, disse que, apesar dos preços, as pessoas continuam a procurar casa, ainda que tenha havido uma diminuição resultante da pandemia. “Se antes tínhamos 1000 pessoas para 100 casas, atualmente temos 300 para o mesmo número de habitações”, afirmou o consultor, adiantando que, mesmo assim, a procura continua superior à oferta.
Segundo Rui Chaves, o facto de o mercado estar, neste momento, com falta de produto origina preços mais caros. Desde março, diz o consultor, que a procura por moradias, nos concelhos de Palmela e Setúbal, subiu substancialmente, algo que reconhece como “normal”, uma vez que o desejo dos compradores de ter um espaço exterior “aumentou com o confinamento”.
Sesimbra lidera ranking da subida dos preços na região
Também Rachid Timchara, da Côte d’Azur, disse ao nosso jornal que a procura por tipologias individuais se tornou mais frequente após o confinamento do ano passado. O sócio gerente da imobiliária afirma mesmo que “as pessoas começaram a querer deixar os apartamentos para ir viver em moradias ou arranjar um terreno” para construir a sua habitação.
De acordo com Rachid Timchara, desde o início da crise sanitária que os preços das casas no distrito de Setúbal subiram na ordem dos 15%, destacando-se Sesimbra como o concelho onde o aumento chegou a atingir os 30%. “A margem Sul começou a ser mais procurada, ainda que tenhamos sentido um decréscimo de visitas face às medidas de controlo da pandemia”, afirmou, adiantando que, perante à situação atual, mais pessoas têm tentado comprar casa, “retirando as poupanças dos bancos”.
Já Pedro Fernandes, representante da Venda Direta, explica ao nosso jornal que a sua agência têm sentido um decréscimo na procura, ainda que esta se tenha tornado mais específica. “Temos clientes que quando cá chegam, sabem o que querem”, disse, atestando que, ao contrário dos anteriores consultores imobiliários, a procura pela tipologia T2 foi mais evidenciada desde o início da pandemia.