Um estudo internacional diz que Setúbal é a segunda cidade portuguesa com pior classificação em termos de poluição atmosférica. Associação Zero considera o destaque “um pouco exagerado”, comparativamente a Lisboa.
O estudo, realizado por uma equipa internacional de investigadores e publicado na revista científica “The Lancet Planetary Health”, fez uma estimativa do número de mortes prematuras devido a partículas finas e dióxido de azoto em 858 cidades europeias de média e grande dimensão, incluindo 14 portuguesas. Segundo os dados disponibilizados, no nosso país, o Porto tem a pior classificação em termos de poluição atmosférica, seguindo-se Setúbal e Lisboa.
Questionado pelo Semmais, o presidente da associação ambientalista Zero, Francisco Ferreira, discorda com a categorização do estudo e frisa que não acredita que a cidade sadina esteja pior que a capital portuguesa. “As indicações que seguimos rigorosamente mostram que os níveis de dióxido de azoto são mais elevados em Lisboa, Porto e Braga do que em Setúbal”, disse o mesmo responsável, acusando o estado português de ter “uma queixa da Comissão Europeia por ultrapassagem dos valores de dióxido de azoto”, em relação às estações de monotorização de Lisboa, Porto e Braga.
O ambientalista afirma também que, tendo em conta as duas estações de monotorização, localizadas no Jardim do Quebedo e na Escola dos Arcos e geridas pela Comissão de Coordenação de Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo, é possível concluir que Setúbal “não está assim tão mal como é descrito”. Para Francisco Ferreira a capital do distrito não tem qualquer tipo de incumprimento quanto às estações de monotorização, “coisa que não acontece noutros locais do país”.
Quanto às partículas finas, o também professor pondera a avaliação do estudo, acreditando que nessa questão “Setúbal poderá ter a situação um pouco mais agravada”, devido à forte afluência de tráfego, excluindo o peso da indústria que considera ser “relativamente baixo”.
No estudo, os investigadores assumem a poluição do ar como uma das principais causas ambientais de doença e morte em todo o mundo, “afetando especialmente as cidades”. A investigação conclui que com níveis inferiores de poluição atmosférica aos recomendados pela OMS “poderiam evitar-se 51.213 mortes por ano devido a exposição a partículas finas e 900 mortes por exposição a dióxido de azoto”. Interrogado sobre a afirmação, o presidente da Zero acredita que será um pouco “imprudente colocar Setúbal nesse patamar”, tendo em conta que em Portugal “cerca de 5 a 6 mil pessoas morrem prematuramente por causa da elevada poluição do ar”.