Projeto para combater alterações climáticas em oito concelhos do Baixo Alentejo

Um projeto de combate às alterações climáticas vai ser desenvolvido em oito concelhos do distrito de Beja, numa parceria entre a Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo (CIMBAL) e a Empresa do Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA).

Designado “Viver o Clima no Baixo Alentejo”, o projeto integra o Plano Intermunicipal de Adaptação às Alterações Climáticas do Baixo Alentejo (PIAACBA) da CIMBAL e vai decorrer ao longo do ano.

A iniciativa representa um investimento na ordem dos 200 mil euros e é comparticipada em 85% pelo programa EEA Grants, através do qual Islândia, Liechtenstein e Noruega apoiam financeiramente os Estados membros da União Europeia com maiores desvios da média europeia do PIB ‘per capita’, onde se inclui Portugal.

Os restantes 15% relativos à comparticipação nacional serão assumidos pela EDIA.

Em declarações à Lusa, o presidente do conselho intermunicipal da CIMBAL, Jorge Rosa, explicou que o projeto vai decorrer “nos concelhos de Aljustrel, Alvito, Beja, Cuba, Ferreira do Alentejo, Moura, Serpa e Vidigueira, todos eles abrangidos pelo Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva.

Entre as medidas previstas estão a recuperação e instalação de sebes, “de forma a proporcionar diversidade florística e faunística nos ecossistemas”, assim como “envolver municípios e proprietários” numa “correta gestão, de forma a garantir a conservação de espécies ameaçadas de flora arvense e de matos”.

Envolver os proprietários “na gestão do pousio de forma a garantir a conservação da espécie”, restaurar e conservar os charcos para manter diversas espécies e restaurar as galerias ripícolas e áreas adjacentes, “com plantação plantas de espécies diferentes”, são as outras ações previstas no projeto.

Segundo Jorge Rosa, que é também presidente da câmara de Mértola, estas medidas apresentam “inúmeros benefícios ambientais, sociais e económicos”, nomeadamente “porque atuam como sumidouros de carbono” e “melhoram a qualidade do ar e da água”.

No fundo, observou, “são ações muito operativas no terreno” e “um poderoso meio de combate às alterações climáticas”, que “deve ser trabalhado diretamente nos territórios pelas entidades que lá estão”.

O autarca alertou que “todo o sul da Península Ibérica” sente “um impacto muito maior das alterações climáticas”.

“Se não conseguirmos mitigá-las, diminuindo a sua intensidade, esta desertificação e erosão do território vai continuar por aí acima”, observou.

Na opinião de Jorge Rosa, com este tipo de projetos é possível tornar “o território e os habitats das espécies mais resilientes” às alterações climáticas, processo “que está em curso” mesmo que, por vezes, “não se note muito”.

“Mas vamos passar a notá-lo muito mais, com muito mais intensidade, se não houver este tipo de ações que façam esta mitigação e prevenção”, concluiu.

O projeto “Viver o Clima no Baixo Alentejo” é apresentado publicamente esta sexta-feira à tarde, numa sessão por teleconferência que contará com a presença da ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes.