Foi de uma ligeira constipação ao internamento, com respiração assistida e uma pneumonia bilateral, numa situação descrita pelos médicos como muito grave.
Dias antes de fazer anos, a 7 de dezembro, Amália Matos deu conta de alguma tosse e expetoração. “Chamei o médico a casa, mas optou-se por uma consulta online, onde me foi prescrita medicação que tomei até à véspera dos meus anos”, conta.
Sem melhoras, o médico veio a casa, tendo-lhe diagnosticado uma bronquiolite, para tratar com antibiótico e outros dois medicamentos. Foi o princípio de uma jornada pesada, de susto e muito sofrimento, com sequelas que ainda se sentem.
Amália, de 60 anos, que é presidente do Centro Social e Paroquial da Atalaia e vice-presidente do Centro Social Padre Miguel Gonçalves, relembra que estava no trabalho quando uma colega que ouviu “aquela tosse parva” a aconselhou a fazer o teste Covid.
“Foi premonitório”, diz à Semmais, porque podia ter demorado mais tempo sem ‘atacar’ o problema de saúde que já estava a evoluir. No dia seguinte, com 37.8 de febre, dirigiu-se ao hospital do Montijo e, num ápice, acabou no Centro Hospitalar do Barreiro para fazer uma TAC, sem dores, nem perda de olfato, apenas a febre e a tosse incomodavam.
“Já fui de ambulância, fiz todos exames e subi ao serviço de pneumologia, com covid positivo e uma pneumonia bilateral”, diz, não sem alguma emoção. E acrescenta: “Se fosse agora, nesta nova vaga, teria ficado pelos corredores”.
Depois foi um horror. Correu duas enfermarias e precisou de oxigénio. “Piorei muito e precisaram de me colocar vários tipos de aparelhos, até uma máquina usada para a apneia do sono, porque as máquinas diziam uma coisa e o meu corpo outra, nada batia certo”, sublinha.
Chegou a estar 18 horas com um ventilador colocado de forma invasiva. “É simplesmente horroroso, um capacete e uma máquina estanque, com necessidade de muito ajuste, porque o oxigénio aparece à temperatura normal”, relembra. Nem a cortisona resultava “porque a Covid desfazia os seus efeitos”.
No total, Amália Matos esteve nesta situação mais de vinte dias. E viu pessoas a morrer. “Fechavam as cortinas, mas eu vi, como camas a rodar de um lado para o outro”, diz.
Teve alta no dia 1 de janeiro deste ano e está a ser seguida. “Não sei se fiquei imune a todas as estirpes, mas ainda me sinto muito cansada e estou a fazer o desmame da cortisona, que me deixou inchada e com aftas e feridas na boca.