Aos alimentos dados pelo Ministério da Educação juntam-se todos os apoios das nove câmaras municipais da península de Setúbal. Situação de carência alimentar tende a agravar-se.
O Ministério da Educação (ME) já forneceu, entre os dias 25 de janeiro e 17 deste mês, 19.628 refeições a alunos dos nove concelhos do distrito de Setúbal incluídos na Área Metropolitana de Lisboa. Trata-se de uma política de apoio que visa minorar as necessidades alimentares resultantes das dificuldades económicas das famílias mais atingidas pela pandemia. Os alvos prioritários desta operação são, maioritariamente, os jovens estudantes que anteriormente não pagavam qualquer montante pelas refeições (escalão A) e os que pagavam apenas um valor residual (escalão B).
A estas refeições, cujo número foi fornecido ao Semmais pelo ministério, através do delegado regional de Educação de Lisboa e Vale do Tejo, Francisco Neves, há ainda que juntar as que têm sido diariamente servidas por cada uma das autarquias e cuja contabilidade não foi possível de fazer, uma vez que apenas seis das nove câmaras responderam.
Em declarações ao nosso jornal, o secretário de Estado da Educação, João Costa, confirmou que é intenção da tutela continuar a fornecer alimentos a todos os jovens estudantes que deles necessitem. O cumprimento dessa mesma intenção foi confirmado por Francisco Neves, responsável que assegurou que nenhum pedido tem sido descurado, do mesmo modo que se mantêm ativas as colaborações com os diversos municípios. “Não deixamos crianças sem alimentos”, sublinhou.
Por concelhos, constata-se que é Almada aquele onde o ME mais refeições serve, com 7096 para os alunos do escalão A e 775 para os do B. A câmara, por sua vez, realçando que a sua competência diz apenas respeito aos alunos do pré-escolar e do 1º ciclo, salienta que num universo total de 24.250 alunos serviu, entre os dias 8 e 12 de fevereiro, 6.810 refeições. “Adicionalmente podemos dizer que têm vindo a aumentar os pedidos, quer comparativamente ao período anterior, quer desde o início deste 2.º período de confinamento”, referem ainda os responsáveis do município.
Depois de Almada, são Seixal e Barreiro a enfrentar mais dificuldades
Depois de Almada, seguem-se na lista da tutela os concelhos do Seixal (3379 refeições no escalão A e 340 no B), Barreiro (1772 e 202), Moita (1597 e 131), Setúbal (1171 e 149), Sesimbra (1089 e 148), Montijo (385 e 22), Palmela (383 e 23) e Alcochete (84 e 22).
Estes números correspondem, de acordo com os técnicos ministeriais e municipais, às realidades socioeconómicas e populacionais de cada concelho.
A vereadora da câmara de Sesimbra com o pelouro da Educação, Felícia Costa, disse ao Semmais que a edilidade gasta atualmente cerca de 100 mil euros mensais na alimentação de cerca de 2.000 alunos com dificuldades. Nestes dados incluem-se 250 crianças que já antes estavam integradas no escalão A, assim como muitas outras que apenas pagavam 1,69 euros por refeição. “A autarquia leva as refeições a casa e, através da Ação Social, distribui também cabazes alimentares semanais às famílias mais carenciadas, isto para além de ter decido entregar igualmente a cada uma das crianças um cabaz semanal com dez peças de fruta”, adiantou.
A Câmara Municipal de Setúbal informou, por sua vez, que está a fornecer 200 refeições por dia aos alunos do pré-escolar e 1º ciclo, enquanto que são 106 os estudantes a beneficiar de alimentos nos 2º e 3º ciclos, assim como no secundário. O município adiantou ainda que existem 63 crianças do pré-escolar e 1º ciclo em situação de acolhimento e mais 29 referentes aos 2º e 3º ciclos e secundário.
Já a edilidade de Almada refere que “houve um aumento significativo dos locais de distribuição (neste momento são 18 Escolas/Agrupamentos) tendo havido também um aumento, para o dobro, do número de refeições (duas quentes e dois lanches), relativamente à 1.ª fase de confinamento, no qual era fornecido almoço e um lanche”.
Da Câmara Municipal da Moita surgiu a informação de que “desde o final das atividades letivas presenciais foram fornecidas cerca de 2635 refeições escolares que estão a ser entregues em várias escolas espalhadas pelo município”. Estas refeições destinam-se, também aos alunos do pré-escolar e do 1º ciclo.
Em Palmela a edilidade está a contemplar um total de 170 crianças (41 do pré-escolar e 129 do 1º ciclo) com refeições diárias. Em nota distribuída à comunicação social é ainda referido que também estão a ser apoiadas mais 21 crianças, alunos dos 2º e 3º ciclos, que são irmãs das beneficiárias da medida.
Por fim, respondendo às questões do nosso jornal, a câmara de Alcochete disse que “atualmente estamos a fornecer no domicílio , refeições escolares aos alunos com Ação Social Escolar da educação pré-escolar e 1º Ciclo do Ensino Básico, garantindo as condições básicas relativamente à alimentação. Diariamente são distribuídas 103 refeições que contemplam o almoço e lanche, constituídas por sopa, prato principal de peixe ou carne alternadamente, fruta e/ou sobremesa, pão e leite”.
O município adiantou ainda que serviço de refeições aos alunos dos 2º,3º ciclos e secundário, são da competência do Ministério da Educação, através do Agrupamento de Escolas de Alcochete. “O Agrupamento de Escolas de Alcochete regista um elevado número de alunos abrangidos pela Ação Social Escolar (ASE). O total de alunos carenciados (433 alunos) representa 14% dos alunos matriculados no AEA e situa-se predominantemente no 1.º Ciclo (48%)”, concluiu.