Metro avança até à Costa, mas autarca defende que pare à entrada

Presidente da junta de freguesia defende que a obra não deve, por questões ambientais, entrar dentro da malha urbana, ficando a estação à entrada da cidade.

A ampliação da rede do Metro do Sul do Tejo desde a Universidade, na Charneca da Caparica, até à Costa de Caparica, deve ser anunciada até ao final deste mês pelo ministro do Ambiente e Ação Climática. Trata-se de uma obra reclamada há vários anos e que representa, para além de um considerável aumento da mobilidade, uma forte aposta em termos ambientais.

O ministro João Matos Fernandes já confirmou que deverá apresentar na Assembleia da República o projeto de expansão da rede o qual contemplará, em termos de construção de via, apenas o alargamento, de cerca de quatro quilómetros, até à Costa de Caparica. Desconhece-se, no entanto, se o transporte elétrico de superfície irá para o interior da cidade ou se se quedará pela sua entrada.

Em declarações ao Semmais, o presidente da Junta de Freguesia da Costa de Caparica, José Ricardo, defende que o transporte não deverá circular pelo interior da localidade. “Trata-se de uma posição que visa defender a proteção ambiental”, disse. O autarca entende que o mais importante “é fazer algo que leva à diminuição das cargas poluentes, e isso poderá ser conseguido com o metro de superfície a ficar à entrada da vila, fazendo-se depois o transporte para o interior através de um sistema de veículos não poluentes”, adiantou.

 

Junta alerta para o perigo da sobrecarga da malha urbana

A outra proposta que, pelo menos desde 2014 tem vindo a ser ponderada, é a de fazer circular as composições até às praias de São João e Fonte da Telha. Esta opção, segundo José Ricardo, não será a mais desejável em termos ambientais, uma vez que irá sobrecarregar a malha urbana. “A Costa de Caparica já teve, em alguns fins-de-semana de verão, cerca de um milhão de pessoas. As estatísticas dizem que recebe anualmente oito milhões de visitantes. Isso representa, naturalmente, muita mais emissão poluente, daí que seja preferível receber as pessoas à entrada da vila e depois transportá-las pelo seu interior no sistema de transportes não poluentes”, adiantou o mesmo responsável.

O projeto final para a rede de metropolitano – que quando foi inaugurado já previa não só esta ligação como outras aos concelhos da Moita e Barreiro, além da já realizada até Corroios (Seixal) – não deverá contemplar a construção de mais carris para além dos da Costa. Matos Fernandes disse recentemente que o volume de tráfego não justifica, para já, que sejam construídas outras estações, dando-se antes privilégio à utilização de transportes rodoviários. Prevê-se igualmente que o ministro revele na Assembleia da República quais os prazos de execução da obra, os custos e eventuais comparticipações.

A atual rede do Metro do Sul do Tejo contempla 19 estações. O preço do que já foi construído ultrapassa os 125 milhões de euros. Com três linhas ativas, existe a ideia de levar o comboio elétrico até à Baixa da Banheira (Moita) e até ao Barreiro, intenção essa que, no entanto, está suspensa desde 2008.