Alcácer do Sal, Moita e Sesimbra. Três concelhos com diferentes realidades. No primeiro falta quase tudo, no segundo avança-se para a resolução de problema com 20 anos e no terceiro subsistem receios.
No concelho de Alcácer do Sal existe um médico por cada 1.100 habitantes. A denúncia é feita pela autarquia, que esta semana voltou a reclamar do Governo equipamentos clínicos, veículos de emergência e intervenções de fundo no centro de saúde da cidade.
Ao Semmais, o presidente da câmara disse que é fundamental que os equipamentos do concelho sejam alvo de “remodelações completas”, considerando que só assim é possível conseguir manter os poucos médicos existentes e atrair outros. “Quero aqui recordar que a câmara fez reparações de 100 mil euros na extensão do centro de saúde de Palma. Pagou do seu bolso uma obra que pertence ao Estado e, com isso, conseguiu que os médicos continuassem a ir a essa localidade, coisa que já estava em risco”.
Continuando a abordar a falta de clínicos, Vítor Proença quis salientar que o rácio de médicos no país é de um por cada 158 habitantes, valor muito distante daquele que se verifica em Alcácer, que terá cerca de 15.000 residentes “Há uma carência gritante de médicos, mas também de enfermeiros e outros profissionais”, frisou.
O autarca, continuando a lembrar a substituição do Estado por parte do município, recordou que foi igualmente por intermédio deste que se conseguiu arranjar uma viatura com tração total que agora transporta equipas médicas pelos locais mais isolados e de difícil acesso do concelho.
O edil considerou ainda que “é inaceitável que o Governo, por intermédio do ministério, não dote o concelho com os meios mais elementares”. Dando um exemplo concreto, o edil o indeferimento, comunicado na terça-feira pelo secretário de Estado Adjunto da Saúde, de fornecimento imediato de uma ambulância com suporte imediato de vida. “Foi comunicado por carta que esse veículo, que é reclamado há quase dez anos, só deverá ser entregue no final deste ano. Até lá, a população do concelho continua sem ter acesso a uma viatura fundamental que pode ajudar a salvar muitas vidas”, disse.
Para Vítor Proença a falta de médicos não pode ser explicada com a proximidade do Hospital do Litoral Alentejano, no concelho de Santiago do Cacém. “Os doentes podem ir ao hospital, mas, muitas vezes, isso pouco resolve, pois é certo que faltam lá médicos de diversas especialidades”.
Os equipamentos de saúde são também tema de conversa para as autarquias da Moita e de Sesimbra, por razões diferentes. Na primeira, depois de muitos anos a reivindicar, estará para breve a concretização de uma obra apontada como prioritária na Baixa da Banheira. Em Sesimbra, mais concretamente na Quinta do Conde, teme-se que o atraso do ministério inviabilize um subsídio comunitário e, em consequência, a obra.
A câmara da Moita, por intermédio do presidente Rui Garcia, anunciou que o centro de saúde da Baixa da Banheira, obra da responsabilidade da tutela embora feita em terrenos do município, deverá estar concluída até ao verão. Trata-se da concretização de uma pretensão com cerca de 20 anos e que agora irá servir uma população com cerca de 30.000 pessoas.
Já em Sesimbra há menos euforia. Apesar de já ter financiamento aprovado, a unidade de saúde familiar da Quinta do Conde pode vir a sofrer um revés. De acordo com o presidente Francisco Jesus, o facto de a tutela ainda não ter lançado a obra pode comprometer o envio de 500 mil euros (metade do valor do projeto) aprovado pela UE.
A ministra da Saúde, Marta Temido, já garantiu que a obra não será cancelada. Mas, até que fique concluída, os cerca de 15 mil residentes da Quinta do Conde vão ter de esperar.