Ponte Vasco da Gama: 23 anos e 98,5 milhões de veículos depois

Com a ponte que junta Lisboa a Alcochete e Barreiro atenuou-se o esforço na 25 de Abril e criaram-se condições para melhor circular entre as duas margens do Tejo.

A Ponte Vasco da Gama, que une Lisboa a Alcochete e ao Montijo, é a segunda principal via de acesso entre a capital e os concelhos da região de Setúbal integrados na Área Metropolitana de Lisboa. Com 23 anos celebrados esta semana, a ponte já viu circular sobre o seu tabuleiro qualquer coisa como 98,5 milhões de veículos o que, de acordo com os números da Lusoponte, dá uma média de 4.282 milhões por ano.

A construção da Vasco da Gama, mais do que uma obra de engenharia arrojada, uma vez que se estende por 17.185 metros, dos quais 12.345 sobre as águas do Tejo, representou uma aposta rodoviária que ajudou a unir as duas margens (onde residem, aproximadamente cerca de três milhões de pessoas). Em 1998, três anos depois de iniciada a obra, a nova travessia veio permitir aliviar a já então sobrecarregada Ponte 25 de Abril, situação que possibilitou igualmente avançar para a projetada instalação da linha férrea nesta última. Este projeto acabou por se revelar fundamental para toda a gestão do tráfego na zona, estimando-se que tenham sido retirados à ponte antiga, nos 21 anos de passagem ferroviária, qualquer coisa como 62 milhões de automóveis.

A Vasco da Gama teve no ano de 2019, o de maior utilização, conforme apurou o Semmais junto da Lusoponte. Nessa ocasião terão circulado pelo seu tabuleiro mais de 25 milhões de viaturas. O número só não terá sido suplantado no ano passado (e, presume-se, também no corrente) devido às restrições de circulação rodoviária decretadas pela pandemia de Covid-19.

Conhecida por ter sido palco de uma imensa feijoada servida a 15.000 pessoas ao longo de 5.050 metros do seu tabuleiro, a Vasco da Gama é também considerada uma das obras-primas da engenharia contemporânea, sendo até recentemente a maior ponte do género da Europa. Agora, depois de concluída uma travessia com cerca de 18 quilómetros, no Estreito de Kerch, na Crimeia, Rússia, ainda é a segunda mais importante construção do continente.

 

Mini cidade onde foram investidos 900 milhões de euros

Os três anos utilizados na construção custaram cerca de 900 milhões de euros. Uma verba significativa que permitiu edificar três faixas em cada sentido e reduzir consideravelmente o tempo de travessia do Tejo.

Atualmente, a Vasco da Gama assemelha-se a uma pequena cidade, onde diariamente trabalham centenas de pessoas. Para além das obras de manutenção diária, há também um posto de controlo de tráfego (na Praça da Portagem), as cabinas dos portageiros, equipas de assistência e socorro que integram pessoal médico e GNR-BT (tem um posto instalado em permanência) e também veículos prontos a atuar em caso de sinistro.

A questão da segurança é, de resto, uma das principais preocupações no local. A Lusoponte afirma que a estrutura está preparada, por exemplo, para suportar um terramoto com quatro vezes e meia mais poder destrutivo do que arrasou Lisboa em 1755 (para cima de oito graus na escala de Richter). Por outro lado, está concebida para aguentar rajadas de vento de 250 quilómetros horários.

Entre outros pormenores, tem 12 parques de estacionamento de emergência no próprio tabuleiro que, por sua vez, é vigiado por 91 câmaras e servido por 73 telefones, isto para além de possuir diversos painéis de mensagens e, até, três estações meteorológicas que fornecem toda a informação para se poder circular com segurança.