Na ocasião em que o “Diário”, escrito por Sebastião da Gama entre 1949/50, é traduzido para italiano, o espaço onde viveu a viúva irá abrir portas para permitir à comunidade reviver a vida e obra do grande e único poeta da Arrábida.
Depois de obras de requalificação, encetadas pelo município e pela Junta de Azeitão, a casa onde viveu a viúva de Sebastião da Gama, vai ser inaugurada oficialmente, como Casa-Memória, no próximo dia 10, em homenagem ao curto amor vivido entre Joana Luísa Gama e o poeta, professor e pedagogo, precisamente no dia em que este comemoraria, se fosse vivo, 97 anos de vida.
A Casa-Memória Joana Luísa e Sebastião da Gama localiza-se no coração de Vila Nogueira de Azeitão, ou seja, na rua principal, num imóvel (pintado de azul forte) doado em testamento à Associação Cultural Sebastião da Gama pela viúva do professor e poeta da Arrábida que faleceu aos 27 anos, vítima de tuberculose, a poucos meses de comemorar o 28.º aniversário, deixando uma vasta obra, de onde se destaca “Pelo Sonho é que Vamos”, “Serra-Mãe”, “Loas, a Nossa Senhora da Arrábida” e “O Segredo é Amar”.
Já o “Diário” (1949/50), onde o poeta anotava questões relacionadas com a disciplina de Português e ensinamentos para a vida, foi traduzido recentemente para italiano por Maria Antonietta Rossi, com prefácio de João Reis Ribeiro. A apresentação decorreu no passado dia 29, em Itália, num encontro virtual. “Um trabalho louvável que aproxima as culturas portuguesa e italiana e divulga um testemunho que continua a ser pertinente e válido”, frisa o professor João Reis Ribeiro.
Vida e obra exposta ao interesse de todos os visitantes
Alexandrina Pereira, a presidente da Associação Cultural Sebastião da Gama, revelou ao Semmais que a Casa-Memória irá permitir ao público “ficar a conhecer a vida e obra de Sebastião da Gama”, assim como “o bonito e curto amor que viveu”. Os visitantes poderão ali encontrar “manuscritos do poeta, todas as obras publicadas em vida e postumamente pela viúva, medalhas que recebeu após a sua morte e uma biblioteca que está a ser inventariada, resultado de uma imensa dedicação de Joana Luísa Gama”, sublinha a responsável.
Sendo um espaço cultural que passa a integrar a rede dos Museus de Setúbal, será, naturalmente, “uma mais-valia para toda a região e motivo de estudo da vida e obra do professor e poeta, que não nasceu nem morou nesta casa”, diz Alexandrina Pereira, adiantando que os visitantes irão “conhecer melhor” o homem que “se inspirou nos recantos naturais da Arrábida e na causa ambientalista para escrever os seus poemas”. Foram, aliás, as suas preocupações pela proteção da Arrábida que deram origem à criação da Liga para a Proteção da Natureza, em 1948.
Só a partir do dia 19, se a pandemia o permitir, é que o espaço estará aberto ao público. “Ainda não sabemos o horário das visitas nem se serão pagas ou não. Celebrámos um protocolo para a criação do projeto com o município e estamos empenhados em continuar a promover o conhecimento sobre Sebastião da Gama, em valorizar o seu património e a prática pedagógica”, esclarece Alexandrina Pereira, satisfeita, também, pelo facto de a Casa-Memória servir de sede à associação que preside e que foi criada em 2006.
Caixa
Inauguração com restrições
Devido às normas de segurança impostas pela DGS, a inauguração oficial promete ser simples e com um número restrito de convidados. Pelas 16h00 será deposta uma coroa de flores na estátua do poeta, na Praça da República. Quinze minutos depois haverá uma romagem ao cemitério de Azeitão para a colocação de flores na sepultura de Sebastião da Gama. Finalmente, a partir das 16h30, será inaugurada oficialmente a Casa-Memória, com a presença das presidentes da câmara de Setúbal, da Junta de Azeitão e da Associação Sebastião da Gama.