Exploração de caulino e quartzo em Castelo Ventoso gera polémica

São invocados problemas ambientais e de saúde para travar empreendimento. Câmara de Alcácer do Sal aguarda estudo de impacte ambiental para se pronunciar.

A população residente nos aglomerados de Castelo Ventoso e Albergaria do Sado, Alcácer do Sal, já se manifestou contra o alargamento da área de exploração de inertes, nomeadamente de caulino e quartzo, previsto para a zona, alegando que o mesmo é suscetível de causar poluição sonora e criação de poeiras densas, para além de interferirem nos subterrâneos aquíferos e nas construções, provocando-lhes fendas acentuadas.

Na sequência dos protestos que foram endereçados ao ministro do Ambiente e Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, foi anunciado a realização de um estudo de impacto ambiental o qual, no entanto, ainda não é conhecido. Em resposta ao Semmais, o vereador Manuel Vítor de Jesus referiu que a câmara de Alcácer do Sal “não conhece o estudo de impacte ambiental assim como desconhece qualquer previsão para apresentação do mesmo” e que só se poderá pronunciar sobre o assunto depois de conhecido o estudo.

A mina em causa está a ser explorada pela empresa Sifucel Sílicas, SA, que solicitou a ampliação da exploração à Direção-Geral de Energia e Geologia. Esta empresa, citada pelos deputados socialistas do distrito, que também já pediram explicações sobre o andamento do processo, adiantou que “em recente reunião entre o ministério e a Sifucel Sílicas S. A. ficou definido que a empresa deveria entregar até 31 de dezembro o Estudo de Impacte Ambiental (EIA) referente ao projeto de exploração, tendo esta informado que já tem em curso a preparação do estudo hidrogeológico, que irá integrar o EIA”. A Sifucel, dizem os deputados, “revelou ainda que se encontra a efetuar trabalhos de recuperação ambiental e paisagística em área que se encontra dentro da faixa de 500 metros de proteção aos perímetros urbanos”.

 

Autarquia diz que empresa não é “relevante” para o concelho

Ainda de acordo com Manuel Vítor de Jesus, a exploração mineira em causa não tem qualquer relevância económica para o concelho “considerando que a empresa não paga qualquer tipo de taxas ao município, mas sim ao Estado”.

Respondendo a outra questão do Semmais, o vereador afirmou que existe mais um pedido para exploração mineira no concelho, denominada “Lagoa Salgada” e que pretende extrair cobre, zinco e materiais derivados. No caso deste empreendimento (que também abrangerá outros concelhos) Manuel Vítor de Jesus diz que a edilidade já emitiu um parecer desfavorável.

Da mina de Castelo Ventoso tem sido retirado caulino, um dos minérios mais abundantes no planeta e que é utilizado na produção de pasta de papel e na confeção de objetos cerâmicos.