Fundação Cidade de Ammaia lamenta morte de Carlos Melancia

A Fundação Cidade de Ammaia, em Marvão (Portalegre), manifestou hoje o seu “mais profundo pesar” pela morte do seu criador e fundador, Carlos Melancia, que exerceu funções de governador de Macau.

Carlos Melancia morreu domingo à noite, aos 95 anos, no hospital de São José, em Lisboa, para onde foi transportado após uma queda, disse hoje fonte da família.

A Fundação Cidade de Ammaia, fundada em 1997, tem por objeto estatutário a prossecução de ações de ordem cultural, educativa e filantrópica, bem como a missão de salvaguardar e preservar as ruínas da Cidade Romana de Ammaia.

Numa nota enviada à agência Lusa, a Fundação Cidade de Ammaia recorda a “dedicação ímpar” que Carlos Melancia deu ao projeto, com “um enorme esforço pessoal” desde o seu início, considerando-a como um dos seus “projetos de vida”, há mais de 25 anos.

“Era sobre a Ammaia que contava a todos os que o ouviam, algumas das histórias da grandiosidade das suas ruínas e o que a cidade romana poderia significar no futuro da nossa região”, pode ler-se no documento.

Licenciado em Engenharia, Carlos Melancia foi governador de Macau de 1987 a 1991 e ministro com as pastas da Indústria e Tecnologia, do Mar e Equipamento Social em vários governos socialistas.

Em 1991, demitiu-se na sequência do designado Caso do Fax de Macau, que envolvia financiamentos partidários ao PS, um processo de que foi ilibado em 2002.

Na sua última entrevista, feita à Agência Lusa em 2019, Carlos Melancia recordou a sua gestão do território que já tinha data de entrega para a China acertada entre os dois países.

A Declaração Conjunta Sino-Portuguesa sobre a Questão de Macau foi assinada a 13 de abril de 1987, há 35 anos, e Carlos Melancia tomou posse como governador do território em julho desse ano, já para fazer cumprir o projeto de transferência da administração do enclave, que se concretizou em 1999

Segundo o antigo governador, o que pretendia tanto a China como Portugal era que o território tivesse e caminhasse para a autonomia financeira, tendo sido feitos 300 milhões de euros de investimentos.

Exemplos dessa aposta na autonomia foi a construção do aeroporto para combater o estrangulamento dos transportes e a conclusão dos hospitais Chinês e de São Januário.

“Eu negociei isto tudo, mas quem acabou por os concluir [os projetos] foi o Rocha Vieira”, disse então Melancia, referindo-se ao governador que o substituiu no cargo e que geriu o território até à transição da administração.