Aumento de 9,1% nas portagens pode gerar ação de protesto no Pragal

Se o Governo não travar o processo, a travessia das pontes 25 de Abril e Vasco da Gama irá custar mais 9,1 por cento, que é o valor estimado da inflação.

A Comissão dos Utentes dos Transportes da Margem Sul diz que a proposta de aumentar o preço das portagens nas pontes 25 de Abril e Vasco da Gama em 9,1 por cento é “inconcebível” e admite mesmo vir a convocar ações de protesto, para breve, nas imediações da primeira daquelas travessias.

Marco Sargento, presidente da comissão, disse esta semana ao Semmais que nenhuma posição pública foi ainda anunciada porque se entendeu que os concessionários das pontes, ao falarem em aumentos das portagens de 9,1 por cento, “estariam apenas a atirar o barro à parede, na expetativa de a pretensão ser aceite pelo Governo”.

No entanto, conforme salientou, “como o Governo ainda nada disse, é preciso lembrar que essa pretensão não faz qualquer sentido e que, há semelhança do que já aconteceu numa anterior ocasião, poderemos organizar uma ação de protesto na zona do Pragal”.

“É completamente descabido, tal como estamos fartos de lembrar e como o próprio Estado tem admitido, continuar a cobrar portagens na Ponte 25 de Abril. A mesma está várias vezes paga há muitos anos. Além disso, a maior parte das verbas para a manutenção, são pagas pelo próprio Estado e não pela Lusoponte”, adiantou Marco Sargento.

“A ponte existe para que as pessoas possam ir trabalhar. Muitas das pessoas que diariamente atravessam a ponte são obrigadas porque, por inerência dos seus empregos, não podem utilizar os transportes públicos. Estes, por sua vez, estão cada vez mais sobrelotados, como é o caso dos comboios da Fertagus, que estão sempre repletos. Aumentar o valor das portagens é, portanto, irreal, e muito mais se for na percentagem falada”, reiterou.

Para o presidente da comissão de utentes, a consumarem-se os aumentos, os utilizadores verão ser “substancialmente agravadas” as condições de subsistência.

as condições de subsistência. Em declarações publicas efetuadas recentemente, o CEO da Mota-Engil (empresa que detém 30 por cento da Lusoponte), Moura Martins, disse que o contrato de concessão prevê que, anualmente, o valor da portagem seja atualizado segundo a inflação estimada e decretada pelo Instituto Nacional de Estatística. O valor da inflação já terá sido “recordado” pela Lusoponte ao Instituto da Mobilidade e Transportes (IMT), o qual deverá pronunciar-se até final de novembro.

Assim, se o Estado não se opuser, as travessias das duas pontes au- mentam 9,1 por cento a partir de 1 de janeiro do próximo ano.