A Associação de Municípios da Região de Setúbal pode estar prestes a assistir ao bater de porta de cinco autarquias da região. Três das quais estão praticamente confirmadas.
Moita, Alcochete e Barreiro estão a dar passos para sair da associação. Almada e Montijo podem vir a acompanhar o movimento. Último orçamento aprovado pela organização gerou insatisfação entre os socialistas, que não viram as suas reivindicações atendidas, alegadamente acordadas com os comunistas no início do mandato.
Face a este cenário, na semana em que celebrou 40 anos de existência, a Associação de Municípios da Região de Setúbal começou a enfrentar, certamente, uma das suas maiores crises. O último orçamento mostrou com grande clarividência as cisões entre os municípios comunistas e os socialistas.
De acordo com a posição dos autarcas do PS, tal como explica Fernando Pinto, presidente da câmara de Alcochete em conversa com o nosso jornal, haveria um acordo entre os partidos com vista a algumas mudanças na associação, incluindo no valor que cada autarquia despende.
Segundo o que o Semmais apurou, junto de autarcas socialistas, foi acordada uma “redução em 25% para 2022 e de 50% nos anos seguintes da verba anual dos municípios para financiar a estrutura”, algo que não foi acolhido.
O autarca lamenta que o PCP esteja a falhar com o compromisso. “Aquilo que nos argumentam é que uma coisa é o que pode ser discutido e outra coisa é que pode ser concretizado. Para mim o que não tem compreensão é como é que se chega a um acordo, mas depois não se cumpre”, acusa.
Frederico Rosa, presidente socialista da câmara do Barreiro, também lamenta o momento vivido na associação. “Fora de políticas partidárias, estamos a falar das nossas terras. Acho que a associação podia ser um órgão de grande concertação entre os municípios e de desenvolvimento do território”, afirma ao Semmais.
Moita lidera possível debandada socialista
Este assunto ganhou mediatismo, depois de aprovado o orçamento com os votos contra do PS, e do município da Moita, através do seu presidente, Carlos Albino, expressar vontade de deixar a AMRS. “Não concordamos com o que foi aprovado. Não tendo sido cumprido o que ficou falado e que consta em ata não nos resta outra solução senão sair”, disse.
Contudo, este desencontro entre comunistas e socialistas não é propriamente uma surpresa. “Fizemos vários avisos, em várias ocasiões, de que existiam coisas que podiam e deviam ser alteradas na associação”, explica Fernando Pinto.
Para o presidente de Alcochete, com visão partilhada pelos outros autarcas, estes sucessivos avisos e tentativas frustradas de mudança não alimentam o futuro da AMRS. “Sendo muito sincero não estou à espera e diria que até ficaria surpreso que houvesse algum tipo de mudança” afirma.
A confirmar esta posição, recordamos que também o presidente da Federação Distrital Socialista, António Mendes, deixou claro logo após os resultados das últimas autárquicas, em declarações ao Semmais, que “ou a AMRS mudava ou o PS bateria com a porta”.
Além da Moita, Alcochete e Barreiro também estão em campo para deixar a associação. O Semmais tentou obter reações dos municípios socialistas do Montijo e de Almada, tendo estes preferido não comentar o caso.
O nosso jornal ainda procurou obter uma posição junto do presidente da AMRS, André Martins, mas o autarca de Setúbal remeteu para as declarações já prestadas à Lusa, afirmado desconhecer “qualquer intenção ou decisão nesse sentido, de qualquer das câmaras que integra” a associação.