Concurso que se realiza, ininterruptamente, há mais tempo em Portugal, premiou os melhores vinhos da região. Além da adega de Pegões, estiveram também em destaque produtoras como Casa Ermelinda Freitas, José Maria da Fonseca e Bacalhôa.
Das mais de uma centena de vinhos avaliados, de 23 produtores da região, foram premiados 53, sendo atribuídas 37 medalhas de ouro e 16 de prata, no XXII Concurso de Vinhos da Península de Setúbal, realizado na Fortaleza de Santiago, em Sesimbra, no passado dia 17 deste mês.
A competição foi dominada pela Cooperativa Agrícola de Santo Isidro de Pegões, que não só obteve mais distinções, 12 de ouro e três de prata, como levou para casa o prémio de “Melhor Vinho Tinto”, com o Fontanário de Pegões Vinhas Velhas 2016, e “Melhor Vinho Branco” para o Papo Amarelo, reserva 2021.
No final do evento, Jaime Quendera, gerente da cooperativa, manifestou-se, naturalmente, satisfeito. “É um orgulho e sinónimo de qualidade. Todos os vinhos que fazemos é para serem bons, terem qualidade e agradarem aos consumidores e à crítica”, afirmou o também enólogo em declarações aos jornalistas.
O responsável recordou ainda as várias qualidades dos néctares produzidos em Pegões, capazes de ganhar “qualquer tipo de distinção”, seja a nível “nacional ou internacional”. Jaime Quendera destacou também o facto da adega ter vencido simultaneamente, na mesma edição, o prémio para melhor tinto e melhor branco a concurso: “Se tivermos de escolher os prémios a vencer, qualquer um diria que é o melhor branco e o melhor tinto. Porque são aqueles que as pessoas bebem. Para mim é um motivo de orgulho”.
Já o prémio para o “Melhor Vinho em Concurso”, que também arrebatou a distinção de “Melhor Vinho Generoso” foi conquistado pelo Coleção Privada DSF Moscatel Roxo de Setúbal Superior 2001, de José Maria da Fonseca, casa que tem, nos últimos anos, acumulado este galardão. Domingos Soares Franco admitiu humildemente, junto dos jornalistas, sem “menosprezar o seu vinho”, mas sobretudo “dada a qualidade dos vinhos a concurso” a surpresa pela distinção. “São 40 e poucos anos de trabalho, a porta grande abriu-se. É um grande reconhecimento”, sublinhou o vice-presidente da empresa, aproveitando a ocasião para revelar o seu final de ciclo com a produtora.
Quem também esteve em destaque, sendo a segunda em- presa mais premiada da noite, foi a Casa Ermelinda Freitas, que obteve nove medalhas de ouro e quatro de prata, honrando os pergaminhos da produtora, que colhe sempre várias distinções nas competições em que participa. “É sempre um orgulho enorme. É o reconhecimento de um trabalho feito ao longo de todo o ano. Ganhar estes prémios, ano após ano, valoriza o nosso trabalho e o de todos aqueles que trabalham connosco, que dão origem a estes excelentes vinhos”, disse a enóloga Ana Silveira.
Cerimónia visa valorizar a qualidade da produção
Antes da cerimónia, em conversa com o nosso jornal, Henrique Soares, presidente da Comissão Vitivinícola Regional da Península de Setúbal (CVRPS), entidade organizadora e promotora do concurso, destacou a importância destes prémios na “valorização e promoção” do que melhor se produz no setor na nossa região.
“É a nossa celebração. São 22 anos, é o mais antigo concurso de vinhos em Portugal, a fazer-se ininterruptamente, no âmbito de uma região. Portanto, é sempre um momento muito gratificante para todos”, afirmou Henrique Soares.
O responsável, questionado pelo Semmais sobre a situação do setor na península, reconheceu as dificuldades provocadas pela pandemia, registando-se algumas quebras, em especial para os produtores mais dependentes “da restauração e da hotelaria”, contudo, disse, “os últimos sinais têm sido positivos”. “Já retomamos. 2021 já foi um ano francamente positivo, onde crescemos 6% em volume e 12% em valor. Para este ano temos expetativas que vai ser em linha com o ano passado. Vamos ter, novamente, um bom ano”, sublinhou o presidente da CVRPS.
Por sua vez, Francisco Jesus, presidente da câmara de Sesimbra, congratulou-se pelo facto do seu concelho ter sido escolhido para acolher esta importante cerimónia. “Para nós foi um privilégio imenso o repto lançado pela Comissão Vitivinícola para que esta cerimónia se realizasse em Sesimbra. Já há algum tempo que dizíamos que a CVRPS tinha de vir à beira-mar de Sesimbra. Conseguimos congregar agora esse esforço”, referiu.
O autarca deixou ainda vá- rios elogios ao setor, reconhecendo o vinho produzido na região como “dos melhores do mundo”. “A importância do setor na península, na minha opinião, vai muito além do vinho. Hoje, no aspeto turístico, a região de Setúbal tem um conjunto de ativos, a serra, o sol, o mar e a gastronomia, mas também o vinho, que alavanca a procura dos visitantes”, sublinhou Francisco Jesus.
A destacar ainda a presença na gala, a nível autárquico, dos presidentes da câmara de Setúbal e de Santiago do Cacém, e também de vereadores das câmaras de Palmela, Sines, Moita e Montijo.








