Os maiores aumentos percentuais verificaram-se nos concelhos do Litoral. O valor mais alto é praticado em Almada e o mais baixo em Alcácer do Sal. Número de pessoas que procura habitações é muito superior às ofertas no mercado.
Nos primeiros seis meses deste ano as rendas no distrito de Setúbal aumentaram 8,03 por cento, face ao mesmo período do ano transato. A conclusão é do Instituto Nacional de Estatística (INE), que fez um levantamento pelos 13 concelhos tendo como base o valor pago por metro quadrado. Apesar de significativo, este acréscimo ainda fica atrás da média nacional, que é de 9,8 por cento.
Os quatro concelhos do Litoral Alentejano foram os que registaram os maiores aumentos percentuais. De acordo com o INE, o metro quadrado das casas para arrendar subiu, no concelho de Sines, 15,86 por centos. Em Santiago do Cacém o aumento foi de 13,28 pontos percentuais. O terceiro lugar foi ocupado por Grândola, onde a subida foi de 11,61 por cento e, finalmente, em Alcácer do Sal cifrou-se em 9,11 por cento.
“Porque é que os aumentos percentuais são mais significativos nos concelhos do Litoral Alentejano? Há várias explicações. A primeira pode estar relacionada com o preço efetivo pago por cada arrendatário, preço esse que é quase sempre mais baixo do que os praticados nos chamados concelhos urbanos do distrito.”, disse ao Semmais o representante de uma promotora imobiliária que não se quis identificar.
“A costa alentejana, como todos sabemos, está a tornar-se num local cada vez mais apetecível, com grandes investimentos e a chegada de pessoas ricas, incluindo muitos estrangeiros. É normal que face ao aumento da procura aumentem os preços do arrendamento”, adiantou.
No entanto, se existe uma procura crescente de habitações (e terrenos) nestes concelhos, ainda são os que se localizam mais próximos de Lisboa os que têm agora um custo de arrendamento por metro quadrado superior. A exceção é Sines, onde o metro quadrado para arrendamento é agora de 8,84 euros (segundo lugar). O primeiro lugar da tabela é ocupado por Almada, com um valor estimado de 9,97 euros. O terceiro é o Barreiro, com 8,5 euros e logo depois surge o Seixal, com 8,49 euros. “Tem tudo a ver com a proximidade a Lisboa, a existência de transportes públicos e estradas, o facto de existirem mais ou menos equipamentos, como escolas, bancos, supermercados, espaços desportivos e de lazer”, explicou João Próspero, consultor imobiliário da Remax Almada.
Pouca oferta para a muita procura existente
“Creio que um dos principais fatores para os aumentos tem a ver, na zona de Almada, com a grande dificuldade que existe para se conseguir alugar uma casa, seja de que tipologia for. Hoje a procura é muito superior à oferta”, explicou ainda o mesmo consultor, acrescentando que o alto valor de IRS pago por quem coloca casas à renda também serve para justificar os preços praticados. “São 28 por cento de IRS. É muito significativo e acaba por retirar boa parte dos lucros de quem, naturalmente, também quer ganhar algum”, afirmou.
João Próspero, falando de preços, refere que um T1 em Almada pode ser alugado atualmente por 600 euros ou mais: “São casas que assim que caem na base de dados acabam logo por ser alugadas. Há muita procura de estrangeiros, sobretudo brasileiros, mas também de estudantes”.
Na lista elaborada pelo INE existe também a curiosidade de nenhum dos 13 concelhos ter registado um abaixamento dos preços de arrendamento e, se os do Litoral foram os que tiveram maiores aumentos, também é verdade que, com exceção de Sines, são os que ainda apresentam preços mais baixos. Em Alcácer do Sal o metro quadrado foi calculado em 5,51 euros, enquanto que em Grândola, talvez o concelho do país mais procurado pelas grandes construtoras, o metro quadrado se cifrava, na primeira metade do ano, em 5,77 euros. Já em Santiago do Cacém é agora de 6,57 euros. “O caso de Sines acaba por não ser difícil de entender. Trata-se de uma cidade que cresce de ano para ano. Há cada vez mais empresas de grande dimensão que contratam muita gente. É lógico que quem tenha casas para arrendar peça sempre mais face à procura”, acrescentou o promotor contactado em Santiago do Cacém.