A Expo Fish atraiu mais de 80 investidores e importadores. Debateram-se práticas de captura, inovação tecnológica e a sustentabilidade de uma atividade que no ano passado exportou 1.350 milhões.
Mais de 80 investidores e importadores nacionais e estrangeiros marcaram presença, esta semana, na 3.ª edição da Expo Fish Portugal, evento realizado em Sesimbra e que visa criar mecanismos de valorização e promoção do pescado português e das indústrias associadas. A iniciativa, que visa também promover as instituições que apresentam projetos inovadores para desenvolver o setor, terá servido ainda, de acordo com o os organizadores, para potenciar negócios “de milhões”.
“O pescado português é de excelência, mas é preciso criar condições para que o mesmo seja mais divulgado e valorizado. Esse foi, de resto, um dos objetivos desta edição: valorizar o setor português da pesca, promovendo-o internacionalmente e, desse modo, contribuir para a criação de novas e melhores empresas, melhor apetrechadas tecnologicamente, com melhores práticas e também capazes de pagar salários mais elevados”, disse ao Semmais o presidente da Docapesca, Sérgio Faias.
O mesmo responsável entende que as melhores práticas desejadas passam, também, pela divulgação “de um produto de alta qualidade que, no entanto, não deve ser comercializado para massas”. “Recentemente, em Nova Iorque, nos Estados Unidos, as conservas portuguesas estiveram em destaque. A valorização do produto foi de tal modo importante que algumas atingiram os 400 dólares por quilo”, explicou.
“A comunicação ajuda a valorizar todos os produtos, pelo que os ganhos obtidos devem igualmente ser refletidos naquilo que se paga aos pescadores e aos armadores”, disse ainda.
Para Sérgio Faias este certame, que teve lugar no porto da vila, foi ainda importante porque permitiu valorizar diversas práticas associadas à economia do mar. “Tivemos a presença de representantes de vários fundos de investimento, nacionais e estrangeiros. Esses fundos podem representar em aplicações financeiras de milhões de euros, resultantes do aumento das exportações, mas também do desenvolvimento de novos projetos industriais”, frisou.
Um dos objetivos atingidos e considerado de grande importância foi o protocolo que a Docapesca celebrou com a AHRESP.“A partir de agora os restaurantes e hotéis representados pela AHRESP passam a ser embaixadores do pescado nacional. Irão exibir um selo que garante a origem do que servem, assim como a prática de boas práticas na captura, produção e transformação”, disse Sérgio Faias, salientando também que essa certificação inclui a pesca selvagem e as espécies provenientes da aquacultura.
“Portugal é atualmente o terceiro país com maior consumo mundial de peixe per capita (55 quilos) e o primeiro na Europa. Temos um consumo anual na ordem dos 500 milhões de toneladas e transacionamos, por ano, cerca de 250 milhões de euros. Mas apesar do impacto dos números, é justo salientar que não esgotamos todos os recursos a que temos direito. Contribuímos desse modo para a sustentabilidade das espécies”, disse, lembrando que a Expo Fish serviu também para distinguir, com prémios monetários três das 20 ideias apresentadas por empresas e instituições académicas tendentes e melhorar o setor.
Em 2022, de acordo com dados da Docapesca, o país exportou, entre peixe fresco, congelado e conservas, cerca de 1.350 milhões de euros.