Mortágua em Almada confiante na memória dos portugueses sobre Passos

Pelo coração de Almada e com a guia Julieta pelo braço, Mariana Mortágua mostrou-se convicta de que os portugueses não têm memória curta sobre a governação do PSD e desvalorizou a promessa de Luís Montenegro sobre as pensões.

Vinda do Alentejo, de onde a líder do Bloco de Esquerda (BE) é natural, a caravana do partido chegou ontem à tarde a Almada, para a habitual arruada pelo centro da cidade, que antecedeu o também tradicional comício na Incrível Almadense.

Mariana Mortágua esteve acompanhada pela irmã, Joana Mortágua, deputada que volta a ser cabeça de lista por Setúbal, mas foi Julieta Rocha – uma militante do BE pouco conhecida do público em geral, mas muito acarinhada dentro do partido – que serviu de cicerone à líder do BE.

Numa das paragens, em frente a um café para cumprimentar três senhoras que queriam falar com Mortágua, foi uma delas que trouxe um tema que tem marcado a campanha: o regresso do ex-líder do PSD e antigo primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, que na véspera se juntou a um comício da AD.

“Olhe, ainda não me esqueci da penalização que eu apanhei no tempo do Passos Coelho quando me reformei”, disse, em jeito de lamento, sendo de imediato acompanhada pela líder do BE, que recordou “quem foi para a reforma antecipada a achar que ia ter uma pensão completa e levou uma talhada”.

Contra os medos da sua interlocutora de um “povo português que tem uma memória curta”, Mariana Mortágua disse acreditar que não, algo para que contribui precisamente o aparecimento de Passos Coelho.

Mas a conversa não ficou por aqui e a líder do BE ouviu que era “mais simpática ao vivo do que na televisão”.

“Isso é porque na televisão eu estou sempre lá a enfrentar aqueles… Não dá para sorrir muito”, justificou a bloquista, que seguiu depois a sua arruada ao som dos tambores e dos gritos de “guerra” dos bloquistas.

No final, em declarações aos jornalistas, Mortágua foi confrontada com as declarações de hoje de Luís Montenegro que, numa ação de campanha, prometeu que se demite caso corte um cêntimo nas pensões.

“Já ouvi um líder do PSD prometer que não ia cortar reformas, o país ouviu e conheceu um PSD que disse que não ia tocar num cêntimo dos salários e o que fez foi cortar reformas, foi cortar salários, foi desrespeitar quem tinha trabalhado toda uma vida e há um país que não se esquece disso”, defendeu.

Sobre os resultados das eleições naquele distrito, a líder do BE mostrou-se “muito confiante”.

“Eu acredito que tudo é possível, inclusive recuperar o segundo deputado, acredito no melhor resultado possível”, disse.