Autarquia setubalense junta-se ao coro de críticas à empresa, nomeadamente pelo serviço prestado pela mesma e ao aumento da tarifa cobrada aos municípios.
A câmara de Setúbal votou contra o Relatório e Contas da Amarsul, empresa que faz a gestão dos resíduos sólidos urbanos dos municípios da Península de Setúbal, documento apresentado na Assembleia Geral, no passado 25 de março e que reuniu os municípios acionistas.
De acordo com a nota recebida pelo nosso jornal, enviada pelos Serviços Municipalizados de Setúbal, a autarquia sadina aponta “à fraca qualidade de serviço prestado pela Amarsul” e ao “aumento abusivo do valor da tarifa cobrada pela empresa aos municípios”.
“Não podia ser de outra forma. Está criado um quadro de insustentabilidade no sector dos resíduos, que ninguém quer admitir. A Amarsul foi uma empresa pública durante 17 anos, ao longo dos quais teve uma situação económica e financeira equilibrada. Não é a situação que se verifica hoje, ao mesmo tempo que a qualidade do serviço prestado ao cidadão está a baixar e as tarifas continuam a aumentar brutalmente. Não vamos compactuar com isto, porque no final é o munícipe que é prejudicado de todas as formas”, sublinha Carlos Rabaçal, vereador da câmara de Setúbal e presidente e Presidente dos Serviços Municipalizados de Setúbal (SMS), que representa o município na Assembleia Geral da Amarsul, citado no referido texto.
A contestação é partilhada pelas autarquias de Palmela, Seixal e Sesimbra que juntamente assinaram a declaração de voto, apontando que “as autarquias são constantemente confrontadas com o problema criado pela empresa concessionária”. Os referidos municípios denunciam ainda que o serviço de recolha de materiais recicláveis tem “vindo a piorar e muitas vezes não é prestado com o nível de qualidade exigível e adequado às populações”, destacando-se ainda outras falhas como: “periodicidades desajustadas na recolha de ecopontos e vidrões e deficiente limpeza da envolvente dos mesmos; falta de capacidade da empresa concessionária em acompanhar a implementação de novos circuitos porta a porta; incapacidade de resposta na recolha seletiva porta a porta dos comerciantes; demora prolongada por parte da concessionária na manutenção dos contentores semienterrados e enterrados; e falta de investimento em novos ecocentros”.
“Temos de ter coragem para dar a volta a esta situação, por questões económicas, ambientais e sociais. Não vale tudo nos resíduos. Continuamos a acreditar que o tratamento dos resíduos pode melhorar (e muito) com o regresso à gestão pública. No domínio da água, com a reativação dos Serviços Municipalizados de Setúbal, já provámos que a gestão pública é mais justa e equilibrada a todos os níveis. Temos de mudar o rumo da gestão dos resíduos”, apela ainda Carlos Rabaçal.