Ermelinda Freitas e Pegões esperam menos uva, mais qualidade e atenção aos mercados

As vindimas deste ano assinalam o regresso à produção considerada normal. Os vinhos, mesmo em menor quantidade, serão de grande qualidade. Choram-se os prejuízos causados pela guerra mas continua a apostar-se forte na conquista de novos mercados.

A Casa Ermelinda Freitas e a Adega Cooperativa de Santo Isidro de Pegões são dois dos mais conceituados produtores da Península de Setúbal e, também, dos que maiores proveitos tiram anualmente. O Semmais falou com dois dos seus responsáveis que, sucintamente, explicaram que as vindimas que agora se iniciaram se irão traduzir numa quebra relativamente à quantidade, mas em vinho de grande qualidade.

“Começámos a vindimar esta semana e, portanto, ainda não é possível determinar percentualmente a quebra relativa à produção. O que sabemos é que essa quebra se vai verifi car e que incidirá, sobretudo, nas uvas tintas”, disse o enólogo da Cooperativa de Pegões, Jaime Quendera.

Para Leonor Freitas, CEO da Casa Ermelinda Freitas, as expetativas não diferem. “Estimamos que possamos produzir este ano entre 10 e 11 milhões de litros, ao contrário dos 14 milhões obtidos no ano passado”, avançou.

Tanto Jaime Quendera como Leonor Freitas estão convictos que os tintos da Península voltarão a exibir grandes qualidades. A maturação das uvas e a cor apresentada são indicadores de que as melhores características voltarão a marcar presença, contribuindo desse modo para que as respetivas marcas continuem a singrar no mercado nacional mas, também, no exterior.

Salientando a importância das exportações, o enólogo e gerente da Adega de Pegões refere que “as exportações estão a retrair em todo o mundo”, apontando ainda as situações de guerra, sobretudo na Rússia e na Ucrânia, como fatores que têm feito progredir a infl ação e, em consequência, os custos de produção.

Leonor Freitas explica, por sua vez, que “são imensos os prejuízos causados pela guerra entre russos e ucranianos”. “Eram dois mercados muito importantes e que se encontravam em crescimento. Agora, face a esta situação, o que temos a fazer é continuar a persistir nos mercados existentes e tentar melhorar a situação noutros. A nossa empresa tem em permanência um comercial no estrangeiro, o que refl ete a importância que damos a esses mercados. Se, neste momento, tiver de destacar alguns que possamos considerar determinantes, cito o Brasil e os Estados Unidos da América, mas também a Colômbia, a Polónia e a Nigéria”, disse.

A produtora de Fernando Pó destaca ainda o facto de a sua empresa estar a apostar no vinho verde para cimentar posição no mercado português mas, também, no estrangeiro: “Os vinhos verdes têm ajudado, apesar de serem produzidos em pequena quantidade. Neste momento já colocámos no mercado o Quinta de Canaviães, Reserva. Trata-se de uma aposta que fazemos num produto diferenciado e que já obteve uma medalha de ouro no Concurso Vinallis, em Paris”.

Sem problemas com a dimensão dos que atingem, por exemplo, produtores do Douro e do Alentejo, os representantes da Península referem também que o facto de este ano se esperar uma menor produção poderá contribuir para ajudar todos os que ainda têm grandes stocks armazenados. “Estamos a voltar a uma produção, em quantidade, considerada normal. A do ano passado é que foi uma surpresa, por ser tão elevada”, dizem Leonor Freitas e Jaime Quendera.