A Lisnave manifestou interesse na renovação da concessão dos estaleiros navais da Mitrena, em Setúbal, dentro do prazo previsto no contrato com o Estado, anunciou o CEO da empresa, Nuno Santos.
“De acordo com o contrato de concessão em vigor [que termina em 2027] temos três anos, antes do termo do contrato, para fazer uma manifestação de interesse e assim o fizemos formalmente junto do Governo”, disse Nuno Santos numa sessão sobre “Indústrias navais desafios da descarbonização”, durante a quinta edição da Porto Maritime Week, uma iniciativa da publicação on-line `Transportes & Negócios´, que teve início na terça-feira e que decorre até sexta-feira, no Auditório Infante D. Henrique, no porto de Leixões.
“Agora temos um período de um ano e meio de negociações entre o estaleiro e o concedente, para definir as condições dessa prorrogação. Atualmente estamos nessa fase”, acrescentou o presidente executivo da Lisnave, citado em comunicado enviado à agência Lusa pela organização do evento.
A iniciativa Porto Maritime Week é um encontro anual que se propõe abordar temas de grande relevância para a indústria, como os planos de investimento dos portos, a estratégia europeia para o setor, a indústria de cruzeiros, a digitalização, a descarbonização e a promoção da intermodalidade.
Segundo a Porto Maritime Week, o CEO da Lisnave disse que “ficaria muito surpreendido se essa prorrogação não fosse aprovada, ou não fosse dada continuidade ao contrato, de uma ou outra forma”.
“Temos um histórico de recuperação de uma empresa que estava tecnicamente falida, que custava muito dinheiro aos contribuintes portugueses, com um passivo financeiro e social enorme. O passivo financeiro foi todo liquidado sem custos para os contribuintes e o passivo social também foi resolvido. A empresa tem tido um desempenho exemplar, trabalhamos em concorrência no mercado internacional e sem qualquer apoio do Estado”, sublinhou o CEO da Lisnave.
Nuno Santos, citado no comunicado, afirmou também que a empresa teve no ano passado “o melhor ano de sempre”, tendo distribuído cerca de três milhões de euros pelos trabalhadores. Acrescentou que “os contribuintes portugueses não desembolsam um cêntimo para a Lisnave” e que “o Estado como pequeno acionista da empresa ainda recolhe dividendos dos resultados positivos obtidos”.
O CEO da Lisnave reconheceu ainda que a empresa tem um problema de imagem, que tem de corrigir com uma melhor comunicação, porque exerce a atividade na indústria naval, considerada “muito suja”, mas assegurou que se trata de “uma das indústrias mais `verdes’ que existem”.
“Contribuímos para a recuperação e reutilização dos navios, sem a necessidade de gastarmos matéria-prima”, justificou.
Sobre o futuro da Lisnave, ainda segundo o comunicado da Porto Maritime Week, Nuno Santos assegurou que a empresa tem um forte plano de investimentos para reforçar a sua presença no mercado da reparação naval a nível internacional, planos de investimentos para atuar na construção de equipamentos para as energias renováveis offshore e reciclagem naval, entre outros.
Na passada segunda-feira, na abertura da Porto Maritime Week, o secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Espírito Santo, anunciou que o prazo máximo das concessões portuárias vai aumentar de 30 para 75 anos.
“Queremos garantir um maior crescimento do setor e, para isso, precisamos de maior investimento público e privado”, disse o secretário de Estado, salientando que aumentar o prazo máximo das concessões para 75 anos irá “permitir que os privados possam recuperar o investimento realizado nos terminais”.
Hugo Espírito Santo revelou ainda que as administrações portuárias vão apresentar à tutela um plano de investimentos sustentado na nova estratégia para os portos nacionais, de acordo com um decreto-lei que será publicado em breve.