Comandante da GNR diz que dados da criminalidade não justificam perceção de insegurança

Coronel Duque Martinho reconhece “picos de criminalidade”, mas considera que quadro do distrito é melhor do há 20 anos. Diz ainda que os meios têm “feito cumprir a missão da GNR” e que as infraestruturas são a maior lacuna.

Há três meses à frente do Comando Territorial de Setúbal da GNR o coronel Duque Martinho, apesar de ainda estar a tomar conhecimento de alguns dossiers, já consegue traçar um quadro da criminalidade no distrito, comparando, por exemplo, com o início do século, altura em que comandou o Destacamento Territorial de Almada. “Em curtos espaços de tempo têm existido picos de fenómenos de criminalidade. No entanto, se fizermos uma análise a espaços temporais mais longos, constatamos que a criminalidade, como a mais violenta, têm vindo a diminuir. Da experiência que tive em Almada e com o que já observei até ao momento, juntamente com o que os números nos mostram, a realidade do distrito, neste âmbito, é melhor do que era há vinte anos”, afirma.

O responsável defende, nesse sentido, que os dados estatísticos não justificam a sensação de insegurança relatada pela população no geral e lamenta que exista alguma “instrumentalização” desses fenómenos. “Na minha opinião há uma grande diferença entre a perceção e a realidade. Não encontro razões, os números provam isso, para que exista uma sensação generalizada de insegurança. Portugal é um país seguro. A criminalidade presente não condiciona o dia a dia das pessoas, que continuam a fazer a sua vida de uma forma perfeitamente livre. Quando ocorrem situações de crime ou que seja necessária a intervenção policial, nós temos respondido. Aquilo que temos visto é que, muitas vezes, existe uma instrumentalização de fenómenos de criminalidade, através das redes sociais, de alguma comunicação social e também de determinados atores políticos que criam na população essa perceção”, defende.

Foco no desafio da distribuição de meios

Além do acompanhamento da criminalidade, a distribuição dos meios num território tão extenso, são alvo de particular atenção por parte do novo comandante. “Existem duas realidades, uma a Norte e outra a Sul do distrito. Por existir uma maior densidade populacional e mais movimentações a Norte a alocação de meios acaba por ser mais significativa, mas que não pode comprometer a resposta a Sul, que tem as suas necessidades também. Neste momento temos um efetivo de cerca de 1200 militares, é o que é, mas temos cumprido a nossa missão e, até onde vi, não comprometemos a resposta à população”, reitera.

No âmbito da operação e atividade da GNR no distrito, aquilo que parece identificado como a maior lacuna é a questão das infraestruturas, mas que, na opinião do comandante, está a ser combatida. Prova disso,diz, são os recentes avanços para as construções de novos postos na Moita, Poceirão e Fernão Ferro. “Existem postos que precisam de ser intervencionados ou fortemente requalificados e, até mesmo, outros que têm de ser alvos de nova construção. Aquilo que tenho percebido é que existe um enorme empenho, seja por parte da GNR, do ministério e das próprias câmaras, em alterar este paradigma. A nossa esperança é que os projetos em curso, sem querer entrar em grandes detalhes, possam ser efetivamente concretizados, assim como outros que surjam”, defende o coronel Duque Martinho.