Só já há cerca de 2.000 exemplares em todo o país. No distrito subsistem, em pequeno número, na Arrábida. Campanha de adoção vai ser retomada.
Há uma nova nova esperança para a ovelha saloia, uma raça autóctone que ainda pode ser vista em alguns pontos da Arrábida, nomeadamente nos concelhos de Palmela e Sesimbra. Depois de há cerca de cinco anos ter falhado um projeto que convidava as empresas a adotarem um ou mais animais, existe agora a esperança de que os municípios se empenhem na recuperação e preservação do efetivo.
Cinco anos depois de ter abordado a sobrevivência da espécie com o Semmais, Francisco Macheta, diretor da Arcolsa – Associação Regional de Criadores de Ovinos Leiteiros da Serra da Arrábida, diz que o número de exemplares inscritos no livro genealógico é sensivelmente o mesmo: dois milhares de animais. “Fizemos uma campanha denominada ‘Adote uma Saloia’, mas não obtivemos grandes resultados. As empresas, talvez porque estávamos em plena pandemia de Covid-19, não aderiram como era esperado. Agora, na sequência de novos contactos, vamos retomar a campanha e, ao mesmo tempo, aguardar que se concretizem algumas abordagens feitas com os municípios”, diz.
“Já obtivemos bons sinais por parte da câmara de Sesimbra e esperamos poder contar com igual colaboração por parte do município de Palmela. Aliás, em relação a este, até já tivemos quase tudo acertado para que se pudesse instalar um rebanho em terrenos baldios. O problema é que só se conseguia alguém para tomar conta dos animais durante a semana. Ao fim-de-semana não havia pastor…”, conta.
A ovelha saloia, diz, pode vir a ser utilizada pelos municípios do mesmo modo que outras câmaras fazem no Norte do país, utilizando cabras anãs como “sapadores”, ou seja animais que consomem os matos nos terrenos baldios, evitando assim a carga de combustíveis nos campos e contribuindo decisivamente para a redução do risco de incêndio.
Sem grandes atributos para a produção de leite e carne, a saloia começou a declinar na década de 1980. Nessa ocasião, depois de os criadores locais terem começado a cruzar os espécimes com outros de maior rendibilidade, o número decresceu rapidamente de 10.000 para os atuais 2.000. “Agora há vários incentivos. O subsídio anual por uma ovelha saloia é o triplo do que é atribuído a outras espécies, chegando aos 60 euros anuais”, diz.
“Para além dos animais que mantemos em exposição na nossa quinta pedagógica, na Quinta do Anjo, e que nos permite mostrar e falar da espécie aos alunos das escolas, estamos a tentar sensibilizar alguns chefes locais para desenvolverem pratos à base do borrego saloio. A par disso é reconfortante saber que pequenos criadores, com rebanhos de 70 ou 80 efetivos, estão também a aderir à iniciativa de salvar a espécie”, refere Francisco Macheta, lembrando que um exemplar macho pode ser comercializado por 150 euros e uma fêmea por 120.