A diminuição das carreiras e a aparente fragilidade das embarcações está a fazer com que muitos passageiros estejam a recorrer aos comboios que, por sua vez, acabam por ficar sobrelotados.
A confusão parece ter-se instalado na ligação marítima da Transtejo entre Lisboa e o Seixal. Depois de a empresa ter anunciado o reforço das viagens, tendo criado alegadamente mais carreiras, a Comissão dos Utentes dos Transportes Públicos do Seixal veio a terreiro desmentir tais melhorias e dizer que, pelo contrário, diminuiu a oferta para quem tem de se deslocar em hora de ponta. E não se ficam por aí: acusam também a transportadora de não cumprir com as obrigações na travessia fluvial do Tejo e de ser responsável pela sobrelotação que desde o início do ano tomou conta do transporte ferroviário.
“O problema que agora se faz sentir com mais intensidade já tem alguns anos. Tudo começou com o processo de aquisição dos barcos elétricos. A Transtejo comprou dez e, de acordo com o que sempre foi dito, já todos deviam estar ao serviço. A verdade é que até agora só chegaram seis e, desses, apenas três estarão a operar regularmente. Há um atraso de cerca de dois anos na entrega dos navios elétricos”, diz ao Semmais o dirigente da Associação de Utentes, José Magalhães.
Lamentando os anos em que a Transtejo não terá recebido autorização governamental para poder proceder à reparação dos navios a gasóleo, José Magalhães diz agora que os mesmos poderão ainda estar a ser usados para suprir as faltas dos elétricos e as dificuldades de licenciamento que enfrentam. “Houve a questão das baterias e os processos do tribunal. Depois, após as baterias serem instaladas, é necessário efetuar testes e só depois se pode proceder ao licenciamento. Estas são tarefas morosas. Acontece também que há atrasos na construção dos postos de carregamento dos navios. Tudo junto contribui para a supressão de viagens e faz com que muitos passageiros deixem de fazer a travessia marítima e optem pela ferroviária, causando graves problemas de sobrelotação”, adianta.
O mesmo responsável afirma, depois, que ao contrário do que foi anunciado, a empresa não reforçou as ligações entre o Seixal e Lisboa: “O que se constata é que no período da manhã há menos uma ligação e que durante a noite há menos duas. É verdade é que há agora mais duas carreiras durante a tarde, mas no final de cada dia existe um decréscimo de uma ligação. Não há, portanto, qualquer aumento da oferta”.
Por fim Paulo Machado refere ainda que as novas embarcações não estarão a oferecer totais garantias ao marinheiros que as operam: “Sabemos que há muita gente que tem medo das operações de acostagem. Os navios, por terem casco de alumínio, são frágeis. Não existem as habituais proteções laterais e as tripulações temem que possam ser causados danos elevados no material. Tudo isso faz com que as viagens acabem por demorar mais do que o previsto”.