FALANDO disto e daquilo era inevitável falar do PSD, até porque, esta crónica será publicada no exacto dia da segunda volta de umas eleições que se adivinham renhidas e que são importantes para todos os militantes do PSD e para os portugueses em geral porque o PSD ocupa, no sistema político, um lugar relevante.
Já foi descrito como um partido improvável, daqueles que como o Zangão não deveriam voar, mas contra todas as probabilidades voam; a sua morte tem sido anunciada regularmente pelos politólogos incrédulos com os “voos” do PSD vezes sem conta e contra todas as probabilidades têm-se reerguido das cinzas para voar uma e outra vez. É assim o PSD, um PSD que tem sabido fazer das suas clivagens internas a sua maior força porque a diversidade do PSD é, em larga medida reflexo da diversidade de Portugal.
Os desenvolvimentos políticos dos últimos anos, a nível interno e externo, deixaram o PSD em estado vegetativo agora, espera-se, que se reconstitua e seja capaz de galvanizar os seus militantes e o país com um projecto para Portugal.
O primeiro grande desafio serão as autárquicas, mas haverá que preparar, desde logo, as legislativas reconquistando os eleitores do centro de todas as idades, em todo o país. Um discurso virado para o país real, capaz de captar a atenção e a confiança da população para um projecto de futuro que contrarie a tendência para se tornar um partido regional cada vez menos urbano.
É necessário sair das zonas de conforto, alargar o espectro eleitoral que se tem vindo a afunilar e aceitar novos desafios. Nesta equação o distrito de Setúbal é fundamental pelo número de eleitores e pelas potencialidades de crescimento.
O distrito de Setúbal é hoje muito diferente do que foi no final do século passado…. Mas, mesmo nesses anos, foi possível ao PSD, em 1991, ser o partido mais votado, no distrito de Setúbal, com quase 35% dos votos. Tem faltado ao PSD um discurso de equilíbrio entre o déficit do orçamento, a iniciativa privada e os direitos dos cidadãos.
O PSD não se pode esquecer que é sobretudo um partido de gente que trabalha e que paga os seus impostos esperando que o Estados faça um investimento nas pessoas, seja pela justa redistribuição de riqueza, seja pela prestação de serviços públicos de qualidade. Vivemos num momento histórico de charneira, um momento em que as alterações no mundo do trabalho empurram a sociedade e a economia para a mudança, ao mesmo tempo que surgem fenómenos globais como as alterações climáticas e a demografia para os quais serão necessárias respostas inovadoras num quadro de democracia e de diálogo social.
Creio que o PSD, passadas estas eleições, estará mais uma vez à altura de se constituir como uma oposição exigente e uma alternativa credível. É por isso que as eleições deste sábado transcendem, em muito, o universo dos militantes do PSD.
Catarina Tavares
Dirigente Sindical