O propósito confessado deste escrito é o de não explicitar o que preenche o Mundo de hoje, sendo que o epicentro repandido (e não acrescentamos “e a repandir” porque nos levava às projecções que em catadupa ocupam a informação diversa e multifacetada, em particular aquela de que a comunicação mais se ocupa – e veja-se que não enveredamos pela crítica aos enquadramentos político-ideológicos, nalguns casos, que poderia ser natural “esperar”) ninguém o quer.
O PCP está possuído de “um longo e honroso passado de insubmissão perante todas as formas domesticação, ingerências e pressões externas”, lia-se num Comunicado do Comité Central do Partido Comunista Português de Fevereiro de 2003, a dias portanto de mais um aniversário que em 2021 se celebrará em Centenário, merecedor entretanto, no ano que corre, de um conjunto de iniciativas de âmbito central, regional ou local e que em Setembro (… bom de ver: pico na Festa do Avante!)…
Quando em 1985 Álvaro Cunhal escreveu “O Partido com Paredes de Vidro”, o então Secretário-Geral do PCP bem lembrou que, no quadro dos sagrados princípios do internacionalismo proletário que desde a sua fundação animam o PCP, a soberania nas decisões era uma situação de direito que no movimento comunista atravessava já, à data, cerca de 60 anos (desde o desaparecimento da Internacional Comunista) e que em relação a numerosos partidos representava uma situação de facto que vinha ainda mais de trás (página 259). Já na antecâmara do doloroso desmoronamento do sistema socialista mundial – inicio da década de noventa do século passado – e dos ensinamentos que concitou, a partir de um outro ângulo desta mesma problemática que então chamava-mos ao debate, a atitude activamente solidária “para com os trabalhadores de outros países capitalistas e as suas vanguardas revolucionárias… ou para com as revoluções emancipadoras que se inserem no processo universal de liquidação do imperialismo e de libertação da humanidade… não significa identificação com o método seguido nem com a força política que o dirigiu nem com todas as soluções adoptadas. Significa apenas assunção política da participação no mesmo processo universal e de identificação de interesses e objectivos fundamentais” (páginas 266-267).
Ao título acrescentámos “Mais um década” porque neste exercício de hoje não fomos muito além das fronteiras do que costumamos designar por “retoma”, isto é, circunscrevemos um trabalho um pouco maior de há anos às preocupações dos cidadãos e dos povos de todo o Mundo, este (por onde começámos) que não outro onde há quem lute, num percurso de três séculos, para que estejamos unidos em pé de igualdade.
POLÍTICA E CULTURA
Valdemar Santos
Militante do PCP