Um amigo dizia-me há dias que lhe parecia que o clima está a retomar o seu equilíbrio e, no caso português, talvez pudéssemos voltar a ter as estações do ano bem arrumadinhas, “como antigamente”, voltando à sua natureza mediterrânica, com um dos climas mais amenos e temperados em toda a Europa. Quatro períodos de três meses por temporada, com características bem marcadas, com um inverno de frio e muito calor no verão, e não estas parecenças tropicais que década a década nos tem vindo a atingir. Não sei se haverá alguma verdade nesta perceção ou se há Mão do Divino, mas a verdade é que conseguimos atualmente ver imagens de uma China ou de outras grandes metrópoles mundiais menos cinzentas, menos poluídas.
Os desígnios Dele parecem estar em todo o lado. Naquele golo do grande Maradona, que fez da Argentina campeã mundial, em 78, dois anos depois do Golpe de Estado militar, que derrubou Isabel Perón, deixando o país agonizado pela “Guerra Suja”, e também no pé direito de Eder, oferecendo o campeonato europeu de futebol a Portugal, em 2016, quando o país estava um caco e com falta de animo.
Agora a marca do Divino parece mais assertiva, fora das coisas mundanas, a fazer das suas na natureza do Homem e no Planeta. Com pouco mais de três meses de interrupção da escalada económica, sabe-se, hoje, que houve uma redução de 9,6 milhões de toneladas de emissões de CO2 em todo o mundo, com uma quebra de extração e produção de petróleo de 15,5 milhões de barris por dia, acompanhado de reduções drásticas também no tópico carvão e gás natural, combustíveis fósseis que a humanidade vai ter que substitui pelas renováveis. É, sem dúvida, um momento ‘oportunístico’ na guerra em prol do ambiente, mas pode vir a ser estruturante, caso a Mão de Deus aplique uma espécie de ‘juízo final’, que leve os líderes mundiais a cumprirem as metas estabelecidas no Acordo de Paris, assumindo daqui para a frente a estabelecida redução de 7,6 % de emissões de carbono (CO2) para a atmosfera, reequilibrando a crise climática.
E não estará a Mão de Deus a meter-se na política, lançando um verosímil dilúvio sobre a escalada de um populismo que, ante a pandemia, se ofuscou, sobretudo na Europa, ou fez tudo ao contrário, desvalorizando a doença e a mortandade associada, como sucede nos Estados Unidos ou no Brasil?
Raul Tavares
Diretor