Doze meses atrás, na edição de 27 de Abril destas páginas, foi plasmado: “Vinte e um anos do semmais. Vale dizer: vinte e um anos mais cem (100)”.
Que dizermos agora, nós?: que em 2021 vamos comemorar o Centenário do PCP (Março) e do General Vasco Gonçalves, Primeiro-Ministro do Povo e dos Trabalhadores, como lhe chamavam (Maio).
É pois impossível que esta retoma não embarque no encantamento das datas, estando o semmais, liberto de suspeições, a fazer quase um quarto de século.
O 25 de Abril instaurou o regime democrático. Como resultado da luta anti-fascista, teve no PCP o seu Partido fundador. Mas é o Partido que defende (VIII Congresso) que o golpe militar em si e os desenvolvimentos que lhe foram consequentes – nos quais a componente determinante foi a luta e a acção das massas ao incorporarem aspectos essenciais do Programa do PCP (1965) para a revolução democrática e nacional – beneficiaram também, no mais ocidental dos países continentais da Europa capitalista, “dum enquadramento internacional favorável que limitou as ingerências e intervenções com que o imperialismo afectou e tentou liquidar o processo revolucionário português”.
Por isso, ganhou e ganha ainda mais força – dado o retrocesso a nível mundial, com derrotas do Socialismo – a afirmação de que o povo português tem e deverá ter sempre “o pleno direito de decidir do seu próprio destino e de escolher os caminhos que entender mais conformes com a sua identidade histórica e com os seus interesses e aspirações” (actual Programa do PCP). Em todas as situações, a luta é o caminho, até porque “em cada país, o cumprimento da tarefa nacional do partido operário não só é a sua razão de ser como é também a principal contribuição que pode dar à luta de libertação dos trabalhadores e dos povos de todo o mundo” (Álvaro Cunhal, “O Partido com paredes de vidro” – 1985).
O incentivo à luta e o esforço para a melhoria de formas de intervenção não terão melhor guia para a acção que a asserção segundo a qual “a revolução de Abril foi uma revolução inacabada. Apesar das suas aquisições históricas, muitas das suas principais conquistas foram destruídas. Outras, embora enfraquecidas e ameaçadas, continuam presentes na vida nacional. Todas são referências e valores essenciais no presente e no futuro democrático e independente de Portugal” (Programa).
Estamos no 25 de Abril e no 1º de Maio, o 46º em Liberdade, e vamos comemorá-los. Nas janelas e varandas e nas ruas.
POLÍTICA E CULTURA
Valdemar Santos
Militante do PCP