Um futuro de possibilidades!

No final de mais uma aula à distância, partilhada com os meus alunos, espera-me uma folha em branco! Por estes dias, uma folha em branco é para mim um mundo de possibilidades! É tempo de pensar sobre elas de forma crítica, com base no conhecimento racional, mas também deixar que a intuição se revele numa perspetiva Bergsoniana.

É tempo de pensar e projetar no futuro as possibilidades que irão resultar da distópica pandemia que nos atingiu. Pensar nas possibilidades a partir dos espaços que habito. Como professor de artes no Alentejo, investigador nómada e criador, quando tal me é permitido, consigo intuir possibilidades na educação.

Ao nível da educação, estamos perante uma autêntica “injeção de adrenalina” na literacia tecnológica das comunidades educativas, do Ensino Básico ao Ensino Superior (ES). A forma como os pais, alunos e professores se estão a esforçar para manterem o contacto, para manterem uma certa normalidade na relação educativa, é extraordinário! Observamos o agenciamento de múltiplas literacias técnicas e tecnológicas no apoio à adoção de métodos e metodologias de ensino, sempre com a preocupação de chegar a “todos”.

Estamos a cuidar uns dos outros! Isto, claro, sem ignorar que o momento veio colocar em evidência as desigualdades socioeconómicas no acesso às tecnologias da informação e da comunicação. Mas também é verdade que demonstrou a capacidade de nos agigantarmos na resolução do problema, com o envolvimento dos pais, professores, autarquias, empresas… do Ministério da Educação. Quais as possibilidades que resultam deste movimento? A escola sai reforçada no seu papel transformador de uma sociedade mais atenta às fragilidades do outro e da relação entre o humano e o não-humano? Penso que sim.

No ES assistimos igualmente a um movimento muito interessante na generalização da utilização de tecnologias que estavam à nossa disposição para o apoio ao ensino à distância (EaD). Mesmo sem modelos pedagógicos pré-estabelecidos, por não ser essa a missão central da maior parte das instituições, facilmente nos adaptámos. De forma orgânica desenvolvemos competências, aptidões tecnológicas e adequámos métodos que nos oferecem imensas possibilidades para o futuro. Estou a pensar na formação de adultos, na internacionalização, mas também na formação dos milhares de imigrantes que estão a trabalhar no nosso território. Possibilidades.

As possibilidades são isso mesmo, possibilidades! Um primeiro passo é equacioná-las, não só racionalmente, mas também intuitivamente. O momento não é fácil, mas coletivamente conseguiremos superar as fragilidades que habitam os corpos na finitude do tempo. Possibilidades?

Aldo Passarinho
Professor Instituto Politécnico de Beja