E, de repente, a atualidade afunilou, quase exclusivamente, num único tema: a cobertura alargada, extensiva, ininterrupta ao surto internacional da Covid-19. Face a um panorama invulgar, as redações sentiram necessidade de reorganização, e, no caso do Semmais, quase subitamente, “todos os jornalistas ficaram afetos à cobertura da pandemia”, diz Raúl Tavares, diretor da publicação, esclarecendo a atividade do Provedor do Leitor. De formas diversas, o corpo redatorial fixou atenção máxima no fenómeno que paralisou parte do mundo, e Portugal, de uma forma particularmente expressiva. Assim, os radares têm captado os efeitos da doença, em múltiplas variantes: nos cuidados de saúde, na decisão política, na vida das empresas, nos efeitos sobre o emprego, nas discrepâncias sociais, nos transportes públicos, nas fragilidades dos mais velhos, nas ações de solidariedade, no quotidiano das nossas vidas. Uns atentos ao pulsar global, outros, a sua maioria, de olhos postos na comunidade local. Ao todo, sobre a Covid-19, foram publicadas entre 14 de março e 20 de maio, um total de 674 notícias. Em pouco mais de dois meses, o Semmais, no modo impresso, mas com particular enfase na edição digital, tomou o pulso à região e ao planeta, e de ambos deu amplo registo informativo.
O pendor editorial exprime a importância e o impacto da disrupção viral: desde o início da pandemia, quase 100% das notícias publicadas foram dedicadas à Covid-19 e ao seu combate, sendo que apenas nas últimas duas semanas, paralelamente à situação de desconfinamento progressivo, este índice foi alterado situando-se em 60% de notícias Covid-19 e 40% correspondentes à restante atualidade. A torrente informativa impôs que a 14 de março fosse criada uma secção exclusiva, no on-line, sobre a temática reinante. E, em época de confinamento e de obrigação de reserva domiciliária, deslocou-se a redação do Semmais para o interior da casa de cada um dos seus profissionais. Esclarece Raul Tavares que se tem experimentado “pela primeira vez uma redação completa em teletrabalho”.
E, as rotinas, feitas de reportagem, pergunta e resposta face a face, deram lugar ao exercício do telejornalismo. “Verifica-se grande apetência dos internautas para acompanhar tudo o que tenha a ver com a situação sanitária. O digital, por exemplo, teve picos quando se começaram a dar os primeiros casos no distrito, com números diários acima das 30.000 visualizações, sendo que o dia de maior pico obteve 36.400 visualizações”, adianta o responsável editorial. Tem sido significativa a sede de informação, traduzida no aumento da tiragem em cerca de mais 2000 exemplares, acompanhando aritmeticamente a subida das vendas do Expresso, com o qual o Semmais é distribuído quinzenalmente.
Internamente, ocorreram fenómenos decorrentes da gravidade sanitária: a quebra de publicidade, em particular da autárquica, devido ao cancelamento de eventos, ou de iniciativas privadas, foi parcialmente compensada com a ação pedagógica de alguns municípios, claramente orientados em dirigir mensagens de combate regional à pandemia. O balanço e contas desta invulgar operação informativa, é, forçosamente, circunstanciado e será oportunamente recuperado nesta coluna. A aposta passou por manter e ampliar as suas edições, nas diversas plataformas. O ganho deste esforço editorial é conseguido em cada leitura e em cada partilha de informação, conducente a uma comunidade esclarecida, crítica e interventiva. As notícias, seguras, claras, corretas e isentas, são por estes dias, parte da cura, essencial a cada um de nós. E que nunca nos faltem!
PROVEDOR DO LEITOR
Ricardo Nunes
Professor
Contacto do Provedor: ricardo.melo.nunes@gmail.com