Imaginação

Começo por confessar – e este acto nada tem a ver com crenças religiosas – que imaginação é coisa em que não sou grande produtor e esta fase que atravessamos com o confinamento ainda mais me prejudicou mas não irei recorrer à “promoção” da recandidatura de Sua Exª o Senhor Presidente da República levada a efeito pelo primeiro-ministro, nem ao elogio do mais alto magistrado ao chefe do Governo após o “caso” Centeno, pois os entendidos é que vão dizendo algo que pouco nos convence.

Poderíamos também ser tentados a falar do reatamento das provas desportivas, mas iremos ter oportunidade de ouvir quem sabe nos muitos programas televisivos onde ninguém está satisfeito e que às vezes nos levam a duvidar que bola dentro da baliza não deveria ser golo.

Com isto tudo quedamo-nos por um telefonema que recebemos a questionar-nos se os cafés estão proibidos de ter o costumeiro jornal para os clientes pois num destes dias alguém ficou boquiaberto quando o proprietário do estabelecimento similar de hotelaria lhe disse que “não podem ter jornais porque as pessoas molham o dedo na saliva da boca para irem passando as páginas e isso é perigoso para o contágio do vírus”.

Não perdendo a seriedade da questão acabamos por concordar com o argumento, mas em simultâneo não deixámos de expressar a gargalhada por reconhecer que é um argumento de veras surreal e mais convincente para quem quer poupar uns cêntimos ou evitar que os fregueses “façam sala” por muito tempo, abrindo com isso oportunidade a que outros possam ir beber uma bica.

Tenhamos, pois, imaginação para estar atentos ao desenrolar dos acontecimentos pois aos poucos vamos e desejamos retomar as rotinas, pois todos estamos habituados a rituais.

FIO DE PRUMO
Jorge Santos
Jornalista