Os responsáveis pela saúde pública dizem que vão ser fechados temporariamente nove cafés do Bairro da Jamaica, mas a PSP desconhece as medidas. Entretanto, não está confirmada a origem do contágio deste foco.
A PSP não recebeu, até quinta-feira, qualquer indicação ou ordem para impedir o acesso ao Bairro da Jamaica, no Seixal, de pessoas que ali não residam. Do mesmo modo afirma que não chegou qualquer pedido para que sejam encerrados os estabelecimentos da zona, nomeadamente os cafés, para evitar o acesso de não residentes que, eventualmente, possam ser responsáveis pela propagação do vírus Covid-19. Essa não é, no entanto, a versão do delegado de saúde pública de Lisboa e Vale do Tejo, que confirmou a existência de uma determinação para que ali sejam encerrados provisoriamente nove espaços.
Em declarações ao Semmais, uma responsável do Gabinete de Relações Públicas do Comando da PSP de Setúbal disse que nenhum pedido foi feito à polícia e que tudo o que ali se sabe, relativamente às medidas para tentar evitar o alastramento da pandemia a partir da zona em causa, é resultado de declarações públicas que terão sido efetuadas por um elemento da comissão de moradores local e pelo delegado regional de saúde de Lisboa e Vale do Tejo, que terá dito que estava em marcha um plano para que os cafés do Bairro da Jamaica fossem encerrados por duas semanas.
Horas depois o Semmais falou com o referido delegado, Mário Duval, que confirmou que existe, efetivamente, uma deliberação dos cuidados de saúde pública local, chefiados por Linda Hernandez, para que sejam encerrados nove cafés no Vale dos Chícharos, conhecido por Bairro da Jamaica. “Espero que amanhã (sexta-feira) já estejam encerrados”, disse aquele responsável, adiantado ainda que “compete à PSP zelar pelo cumprimento” da ordem das autoridades de saúde.
Em declarações recentes, também o presidente da Associação de Desenvolvimento Social de Vale de Chícharos, Salimo Mendes, defendera que os 16 casos de Covid-19 que terão sido detetados esta semana naquele local degradado, terão tido origem em pessoas exteriores. “São pessoas que vêm de outros concelhos e que ao fim-de-semana enchem os cafés. Muitos deles nem usam máscaras”.
Há mais focos no concelho para além do Vale de Chícharos
A tese de que os 16 infetados detetados naquele bairro degradado foram consequência da mistura de moradores locais com frequentadores de uma festa de três dias realizada, no início do mês, na Aroeira, Almada, não foi confirmada por Mário Duval. “Até se pode ter dado o caso de alguns dos doentes terem participado nessa festa, mas nada é garantido que foi ali que foi propagado o vírus”, disse. O mesmo responsável também não confirmou que tenham sido detetados 32 casos positivos naquele bairro, conforme foi dito na segunda-feira. Esse valor, disse sem querer precisar, deverá reportar-se a outras situações no mesmo concelho.
A Câmara Municipal do Seixal, depois de inicialmente ter acusado a Direção Geral de Saúde (DGS) de não ter comunicado a existência de alegados casos de contágio que terão acontecido numa festa realizada na Aroeira, nos dias 1, 2 e 3 deste mês, não voltou a rebater as afirmações da diretora da DGS, Graça Freitas, que afirmou em conferência de imprensa que o município estava a par de todas as diligências feitas. Interpelada pelo Semmais, a assessoria de imprensa da autarquia garantiu que, de momento, não havia qualquer outra reação ou comentário relativo à situação clínica no bairro.
Por sua vez, Mário Duval acabou por adiantar ao nosso jornal que, na tarde da última quinta-feira, quatro dos 16 infetados inicialmente no Bairro da Jamaica deixaram de acusar positivo, pelo que número atual de doentes naquele local era de 12.