O papel da Associação de Socorros Mútuos de Setúbal é hoje tão importante como era em 1888 quando foi criada. A opinião é defendida pelo presidente da instituição, Fernando Paulino, que considera que o apoio prestado às populações é fundamental.
A pandemia trouxe ao cimo as principais fragilidades da população que, em tempos de crise, não consegue muitas vezes responder às necessidades básicas do dia a dia, como alimentação ou vestuário. A Associação de Socorros Mútuos recebeu mais pedidos de ajuda e aumentou a procura por soluções na cantina social e na “loja amiga”.
“A atual situação que vivemos mostra, uma vez mais, a importância das instituições mutualistas”, diz Fernando Paulino que reforça a ideia de que estas associações estão “na linha da frente na resposta às necessidades dos seus associados e utentes. Temos uma longa história de apoio às comunidades e já existíamos antes do Estado Social, por isso sempre respondemos no sentido das reais necessidades da população”.
As valências de apoio social e clínicas foram e são preponderantes numa época de pandemia. “Tivemos um aumento de pessoas a procurar a nossa cantina social. Apoiamos agora 60 famílias quando antes da pandemia eram 40. Houve também muita gente a pedir roupa e calçado na nossa loja social e o nosso serviço de clínica médica, com todas as especialidades, tem sido uma resposta essencial quando o Serviço Nacional de Saúde está a braços com uma pandemia.”
Os protocolos e acordos com o Instituto de Segurança Social permitem que a associação responda no imediato. “Se as pessoas precisam de ajuda nós damos essa ajuda e depois fazemos chegar à segurança social a informação. Por isso, é necessário rever os acordos e reforçar os valores porque a pandemia trouxe um aumento de despesas e é necessário assegurar a sustentabilidade futura desta e de outras instituições similares”.
Farmácia e funerária social e apoio à demência são projetos futuros
No futuro, Fernando Paulino quer que a instituição volte a ter a valência funerária que esteve na génese da fundação, com uma agência própria para servir os associados. Outro objetivo é criar a sua própria farmácia social. Os projetos estão bem ponderados, mas primeiro é preciso “continuar a garantir a excelência dos serviços que prestamos atualmente, como o Centro de Dia, o Apoio Domiciliário e a Clínica”.
O lar e a creche foram projetos inicialmente pensados, mas “em boa altura desistimos, porque se provou que não seriam benéficos para a associação”. No entanto, há uma valência cujas lacunas em Setúbal são enormes e que Fernando Paulino gostaria de ver resolvidas com uma resposta da Associação de Socorros Mútuos. “Estamos a ponderar trabalhar de forma muito concreta a questão da demência. Há uma falha imensa nessa área e são muito poucas as respostas sociais para doentes com Alzheimer ou demência em geral. É um projeto que queríamos, no futuro, levar a cabo, criando uma valência de raiz, num espaço próprio e com uma resposta concreta que hoje não existe e que, está provado, faz falta e tem procura”.