Quercus Setúbal não acompanha cúpula nacional na ‘guerra’ do aeroporto do Montijo

A Quercus nacional retirou o apoio ao aeroporto do Montijo. O Núcleo de Setúbal não compreende e diz tratar-se de “eleitoralismos internos”. Os ambientalistas estão desavindos dentro de casa.

O núcleo de Setúbal da Quercus, liderado por Paulo do Carmo, continua a achar que a implantação do aeroporto no Montijo “é um mal menor” e contesta a posição da direção nacional da organização ambientalista que, esta semana, mudou oficialmente a sua posição, desta feita contra a opção Montijo.

Paulo do Carmo, que também presidiu a direção nacional da Quercus, até fevereiro deste ano, e tinha chancelado o ‘sim’ à decisão do Governo pró-Montijo, disse ao Semmais que “esta alteração de posição é incompreensível” e que só pode ser vista por razões “eleitoralistas” de Paula Nunes da Silva, a atual líder da Quercus nacional.

“Não houve nestes tempos qualquer alteração do projeto ou decisão do Governo que justificasse esta mudança tão radical do posicionamento da Quercus sobre o aeroporto”, afirma o ambientalista. O líder da Quercus de Setúbal também não compreende a tomada “de uma decisão tão importante quando estamos a quinze dias de eleições para os novos corpos dirigentes” da organização.

Segundo o Semmais apurou, os três últimos presidentes da Quercus, João Branco, Nuno Sequeira e Paulo do Carmo, estão contra esta inversão de posição sobre o novo aeroporto, bem como os núcleos regionais de Setúbal, Portalegre, Braga, Vila Real e Algarve. “O assunto foi muito estudado entre as opções de Alcochete e Montijo, nomeadamente a questão das aves que migram entre os estuários do Tejo e do Sado, com vantagem para a opção da Base Área do Montijo, até pelo facto de ter já uma infraestrutura aeroportuária instalada. Mas também a especulação imobiliária, com a opção Alcochete a contemplar o abate de milhares de sobreiros, e o problema do ruído, para o qual defendemos uma linha de investimento que permita uma intervenção nos blocos habitacionais ameaçados”, explicou o dirigente da Quercus.