Peça de teatro da APPACDM procura demonstrar ao púbico o enraizamento do preconceito na sociedade. O espetáculo integra-se nas celebrações do Dia Internacional da Pessoa com Deficiência.
A inspiração surgiu durante o confinamento. Com o distanciamento físico levantaram-se novos desafios só ultrapassados com o recurso às “novas tecnologias”. Através da “imagem, do vídeo e da voz”, o grupo, diz a encenadora ao Semmais, “descobriu outra forma de representação”. “Encontramo-nos diversas vezes online e, entre tantas conversas, surgiu em todos uma inquietação sobre alguns dos temas atuais da sociedade e noticiados pela comunicação social”, explica Tânia Alexandre.
Racismo, indiferença, bullying, desigualdade e intolerância foram alguns dos assuntos que, partilhados entre os quinze atores do elenco, acabaram por dar origem ao texto escrito pela encenadora e, consequentemente, à curta metragem a ser apresentada em estreia no Fórum Municipal Luísa Todi, dia 3 de dezembro. “No fundo com esta apresentação queremos partilhar a nossa inquietação, e fazer com que os outros reflitam connosco sobre estes temas”, afirma a responsável pelo grupo de teatro “O Puzzle”, da Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM).
“O Preconceito Conceituado” revela que a inquietude “não deve ser apenas do cidadão com deficiência intelectual, mas de todo o ser humano que quer ser mais e melhor”. Pois, nas palavras da encenadora, o “preconceito existe quando o ser humano existe. Está lá incontido em todos nós, o importante é encontrarmos o equilíbrio e o respeito pelo outro. Aceitar que esse nosso lado menos simpático faz parte do crescimento e da evolução enquanto seres humanos. E tentarmos ser melhores faz parte da maturidade emocional”.
A peça, integrada nas comemorações do Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, vai subir à cena em formato vídeo, numa produção que contou com o apoio de Vítor Branco na edição, e João Mota na música, e do Estúdio V2N Music onde foi gravada a voz off.
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Origens de “O Puzzle”
Nascido há 22 anos, o grupo de teatro surgiu com o início do clube de animação jovem, constituído por funcionários que queriam desenvolver atividades lúdicas com os utentes da APPACDM, como convívio, dinâmicas, passeios ou viagens, com o objetivo de realizar intercâmbios com outras instituições e jovens. Atualmente, é formado por utentes e colaboradores que partilham o “gosto pela representação”. “Encontrar um grupo de pessoas que se identifica connosco e com os nossos gostos é muito bom, por isso acredito que para eles, assim como para mim é muito importante poder repartir a arte, a cultura e até amizade”, destaca Tânia Alexandre.