Realidades e Oxalás

A realidade é o que é. Não tem “mas” nem “talvez”, apenas o que acontece. Sem mais nem menos. Sem otimismos nem pessimismos. Afinal, e no fim do dia, apenas o realismo pode melhorar a realidade.

A realidade é que no natal e no ano novo não estivemos à altura da dimensão e do risco da pandemia. É fácil (e popular) culpar o governo (até porque demasiadas vezes se atrapalha a si próprio, determina regras que ninguém percebe e frequentemente adora ser alvo em vez de flecha) mas fomos nós e o nosso comportamento a criar este mês de janeiro do nosso descontentamento.

A responsabilidade individual não é alienável. A estupidez e o bom senso coexistem e fazem parte da vida. Ao governo pede-se mais. Muito mais. E a cada um de nós também. E quando a estupidez leva a melhor sobre o bom senso então teremos a consequência da verdade.

Venha por isso um tempo de responsabilidade. Ou, dito de outra forma, um tempo de realismo.

Oxalá (e este é o primeiro oxalá) que tenhamos aprendido com a primeira vaga da pandemia.

Oxalá que quem mantém o país a funcionar seja reconhecido.

Oxalá que as eleições presidenciais sejam participadas (ninguém substitui a nossa opinião).

Oxalá que os “portugueses de bem” saibam reconhecer os vigaristas de mal.

Oxalá que a “esquerda do PS” seja mais relevante que o “PS dos interesses”.

Oxalá que a sustentabilidade se torne mesmo uma atitude e não apenas uma palavra redonda nos discursos e nos relatórios.

Oxalá que Shakespeare nos continue a “atormentar” com a velha natureza humana.

Oxalá que não precisemos de dizer oxalá.

P.S. Até há pouco tempo o fascismo estava restrito à maledicência dos cafés e ao saudosismo cavernoso do Dr. Salazar do respeitinho e da tortura.

Agora o fascismo tem um partido.

Juntou o pior do pior como sempre o fascismo fez.

Não parece uma ameaça como o fascismo, no princípio, nunca parece.

Temos de levar a sério esta ameaça.

Pode ser?

Turismo Semmais
Jorge Humberto
Colaborador