Setor hoteleiro desolado com uma Páscoa a conta-gotas

Apesar das restrições de circulação impostas pelo Governo para o período da Páscoa, os hotéis do distrito tentam fazer face às dificuldades. As taxas de ocupação oscilam entre os 50% e os 100%.

No setor hoteleiro, a época da Páscoa, que costumava ser sinónimo de reservas e uma espécie de estágio para a grande época alta que é o verão, vai este ano sofrer baixas. Em causa estão as restrições de circulação entre concelhos que se aplicam aos residentes no território nacional, à exceção dos estrangeiros, emigrantes ou residentes na Madeira e nos Açores que podem circular livremente para se deslocarem a hotéis ou ao alojamento local onde tenham feito reserva.

Os efeitos destas medidas já são visíveis em algumas unidades hoteleiras da nossa região. Na Costa da Caparica, no Hotel Aldeia dos Capuchos o número de reservas confirmadas para este período ainda é bastante residual, comparativamente ao ano de 2019 cuja taxa de ocupação foi de 90%. Em consequência do recente aumento de casos de Covid-19 que vários países estão a enfrentar, assim como devido às restrições de circulação do país, constou-se que “todas as reservas este ano são mais last minute. As pessoas estão a aguardar que as medidas dos diversos países sejam aliviadas”, contam ao Semmais o Sales & Revenue Manager, Pedro Pedroso, e Catarina Matos Chaves, Marketing Manager do hotel.

O mesmo se passa com os alojamentos locais do Y Concept Apartments, criado pelo setubalense Pedro Dias, em 2015, e localizados em Setúbal e Palmela. A taxa de ocupação para este ano ronda os 50%, valor semelhante ao do ano passado, que esteve nos 55%, mas longe dos 75% registados na Páscoa de 2019, altura em que o novo coronavírus ainda não existia.

 

Empresários lembram que fecho dos restaurantes condiciona o setor

Insatisfeito com as medidas restritivas do dever geral de recolhimento domiciliário e a proibição de circulação entre concelhos que fora levantado pelo Governo para a Páscoa, e que começa já às 00h00 desta sexta-feira e estende-se ao longo de 11 dias, Pedro Dias lamenta que a restauração esteja ainda encerrada. “As pessoas podem viajar possuindo uma reserva, mas chegam destino e está tudo fechado em termos de restaurantes. O alojamento local vive de mãos dadas com os outros serviços. Se estes estão fechados, nós sofremos com isso”, lamenta.

Já na Comporta, em Alcácer do Sal, o cenário assume-se diferente. No campo, mas perto do mar, o Cocoon Eco Design Lodges, não aceita mais reservas para o período da Páscoa, por estar “completamente cheio”, sublinha Nuno Veloso o gerente da unidade hoteleira. Ainda assim, e apesar das medidas decretadas, a gerência do hotel informa que “não registámos uma quebra significativa da faturação”, numa altura em que o país começa a desconfinar, ainda que a conta-gotas, de um segundo confinamento.

Ao Semmais, a Associação de Hotelaria de Portugal disse que “até à Páscoa a maior parte da hotelaria estará encerrada, contudo a partir de abril irá arrancar a reabertura progressiva” do setor.