Almada lança projeto “Tempo Para Si” para cuidar de quem cuida dos outros

Os que passam o tempo a ajudar quem é incapaz de subsistir pelos próprios meios também necessitam ter vida própria. Almada já aprovou um projeto que vai envolver 50 profissionais.

Chama-se “Tempo Para Si” o projeto que está a nascer em Almada e que, à semelhança do que já sucede noutras zonas do distrito, pretende dar tempo aos cuidadores informais – pessoas que tratam de outras totalmente dependentes – e que acabam por nem sequer conseguirem ter disponibilidade para tratarem dos seus assuntos pessoais. É, sinteticamente, uma bolsa de cuidadores formais que irá substituir os informais, sendo que os primeiros serão dispensados por duas instituições especializadas.

Embora sem uma data anunciada para entrar em funcionamento, este projeto já foi aprovado pelo município de Almada, que inclusive já anunciou que terá 17.500 euros para a Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM) e outro tanto para a Associação de Paralisia Cerebral Almada/Seixal.

“Este projeto vem ao encontro do que a câmara de Almada preconizou para reforçar a política de ação social, a qual inclui cuidados para os sem-abrigo, protocolos com a Segurança Social, instituições e o Hospital Garcia de Orta para prestação de serviços na área da saúde mental e também na área do internamento domiciliário e, por fim, a criação de uma bolsa de cuidadores formais que possam substituir os cuidadores informais”, explicou ao Semmais a presidente da edilidade, Inês Medeiros.

 

Aprovação do estatuto poderá definir número de beneficiários

O número de beneficiários desta iniciativa é, para já, uma incógnita, uma vez que se desconhece, quer a nível municipal quer a nível distrital quantas pessoas (idosos, pessoas com incapacidades físicas e pessoas com incapacidades mentais) estarão numa situação de total dependência. “O que temos a certeza, em Almada, é da existência de muitos cuidadores informais, por norma familiares dos dependentes, que quase não conseguem ter vida própria devido à atividade que exercem. Só depois destes cuidadores terem um estatuto aprovado é que será possível, seja no concelho, no distrito ou no país, ter uma ideia de quantas pessoas desempenham estas funções”, adiantou a autarca.

O Semmais recolheu também a opinião da diretora da APPACDM de Almada, Ana Silvestre, a qual sublinhou que “foram os próprios cuidadores informais quem, ao longo do tempo, foram dando conta da necessidade de ser criada uma bolsa de cuidadores formais, de pessoas especializadas, que os possam substituir temporariamente. Muitos destes cuidadores não conseguem sequer ter tempo para irem às compras ou a uma consulta médica”, referiu.

Ana Silvestre adiantou que numa primeira fase as duas associações referidas irão colocar à disposição cerca de 50 cuidadores especializados. Este número, referiu, poderá aumentar consoante as necessidades.

Sobre o número total de pessoas entregues aos cuidadores informais em todo o distrito nenhuma das entidades contactadas o soube precisar, uma vez que não existe estatuto aprovado para a atividade.