Perante centenas de apoiantes, a candidatura à liderança da Câmara de Setúbal negou todas as acusações de utilização indevida de cartões de crédito do município em viagens de trabalho a Nova Iorque, Japão e Moçambique.
Dores Meira, que cumpriu três mandatos consecutivos como presidente da autarquia sadina, afirmou na cerimónia de abertura da sede de campanha, na Praça do Bocage, estar a ser vítima de uma “perseguição política”, alegadamente promovida pelo PS, “com o apoio inequívoco da CDU”.
“A perseguição política está patente no texto de uma auditoria que foca em particular a minha pessoa. E que diz inclusive que se quer comparar o meu mandato com outro. Uma auditoria que quer judicializar a política e que tenta politizar a justiça com denúncias anônimas, feitas por cobardes que sabem que o que insinuam não corresponde à verdade”, afirmou, referindo-se a uma proposta de auditorias propostas pelos eleitos do PS e aprovada pelos comunistas, socialistas e social-democratas, após uma notícia do jornal Público e uma investigação da SIC transmitiram sobre a alegada utilização abusiva de cartões de crédito do município e recolha indevida de ajudas de custo no mandato de 2017/2021.
Segundo o PS, há “suspeitas da prática reiterada de crimes de peculato, falsificação de documentos e enriquecimento ilícito”, mas o ex-presidente revelou sábado que um grupo anónimo fez chegar um conjunto de documentos que permite desmontar as acusações de alegada utilização abusiva de cartões de crédito do município.
“Na peça da SIC é insinuado que fiz uma refeição de lagosta por 200 euros e aluguei uma limusine. É insinuado que tudo isso foi pago com dinheiro do município através dos cartões de crédito. Pois bem, tenho aqui um conjunto de documentos que provam que o que foi dito é mentira”, disse Maria das Dores, garantindo que se tratou de um almoço de 203,04 dólares para cinco pessoas ( 27 euros por pessoas) no restaurante Lobster Place , que, por acaso, tem lagosta no nome.
Quanto à alegada viagem de limusine, no valor de 96 dólares, que também foi paga com cartão de crédito do município, esclareceu que se tratou do transporte para o aeroporto – numa carrinha e não de limusine -, assegurado por uma empresa de táxis, que tinha o nome de Sammy’s Limo.
No que respeita às alegadas irregularidades nos pagamentos efetuados numa viagem ao Japão em 2019, Dores Meira disse que a delegação da Câmara de Setúbal “não andou a fazer turismo, mas sim a fazer reuniões de trabalho incluídas no âmbito do trabalho do Clube das Mais Belas Baías do Mundo”.
Assegurou ainda que, nas duas viagens, a Nova Iorque e ao Japão, a autarquia de Setúbal foi reembolsada de todas as despesas pelo Clube das Mais Belas Baías do Mundo.
Sobre os boletins de itinerários de viagens alegadas que foram feitas em 2020 para Moçambique e a Espanha em dados coincidentes, Dores Meira exibiu documentos comprovativos de que a viagem para Quelimane (Moçambique) foi cancelada depois de já ter sido feita o boletim de itinerário, tendo nessa dados participados numa outra atividade, em Espanha.
“Os documentos na câmara não se evaporaram, razão pela qual se podem encontrar dois boletins, mas uma das deslocações não se fez”, salientou.
“Mais uma vez custou zero na Câmara Municipal de Setúbal. Não tenho o dom da ubiquidade, não consigo estar em dois lugares ao mesmo tempo, mas tenho o dom do trabalho honesto e não admito que coloquem a minha idoneidade em causa”, frisou Dores Meira, reiterando que todos os documentos que negam as acusações dos os repositórios disponíveis estão na sua sede de campanha para consulta.