Esta força de ser mulher tem que se lhe diga

O dia 8 de março, data em que se comemora uma vez mais o “Dia Internacional da Mulher”, dia com particular significado na história contemporânea da humanidade, remontando aos idos anos de 1857, em que nesse dia, em Nova Iorque, as mulheres de uma fábrica têxtil encetaram uma luta pela defesa dos seus direitos.

É uma data que se repete e que não se deve circunscrever a celebrações mais ou menos românticas, mas que nos deve lembrar de que muito falta fazer em prol da igualdade de direitos e de oportunidades, para que haja uma efetiva igualdade de género na sociedade em que vivemos.

Como bem disse, há dois anos, o Secretário-geral da ONU, António Guterres, “alcançar a igualdade e capacitar mulheres e raparigas, é o objetivo inacabado do nosso tempo, e o maior desafio dos direitos humanos no nosso mundo.”

Saibamos aceitar esse desafio e, persistentemente, concretizar esse ideal duma sociedade mais justa e mais igualitária, em que Homens e Mulheres, em conjunto, construam uma sociedade de progresso e um mundo melhor.

Sendo esta, umamensagem e um desejo extensivo a todas as mulheres de todo o mundo, quero servir-me deste espaço para, em particular, exaltar a estoicidade da mulher alentejana. Uma mulher que, pelas condições adversas de um território esquecido, onde tudo tem que ser conquistado com abnegação e labor, enfrentou uma vida difícil e sofrida, mas sempre presente em toda a sua plenitude, no seu papel diverso na sociedade, dela sobressaindo a coragem para apoiar os desvalidos e incentivar à luta por dias melhores os que, muitas vezes, padecendo sucumbiam ao desânimo.

Como se tornou hábito nesta coluna, encontro na poesia a melhor forma de prestar a minha homenagem, realçando essa força que, à nossa moda alentejana, com apreço reconhecido,traduzimos na expressão: “Tem que se lhe diga!”

Esta força de ser mulher tem que se lhe diga
Esta força de ser mulher tem que se lhe diga…
Enfrenta intempéries, alisa marés,
constrói um tempo novo,
renova a própria vida.
E nesse mundo em construção
toma a dianteira,
sendo elo e união,
uma voz companheira.
Esta força de ser mulher tem que se lhe diga…
Desbrava o mato bruto,
rasga caminhos com a luz do futuro
sabe dar-se numa mão amiga.
(in “A Voz das Palavras”)

José António Contradanças
Economista / Gestor